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Ministro israelense anuncia plano de 'campo de concentração' de palestinos
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Ministro israelense anuncia plano de 'campo de concentração' de palestinos

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Aventuras Na História
09/07/2025 14h22
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©Getty Images
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Recentemente, o Ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, anunciou a proposta de estabelecer uma "cidade humanitária" nas ruínas de Rafah, uma ação que está sendo amplamente criticada por especialistas e defensores dos direitos humanos. Segundo esses críticos, o plano é, na verdade, uma estratégia para criar uma espécie de "campo de concentração" para todos os palestinos na Faixa de Gaza.

De acordo com informações divulgadas pelo jornal Haaretz, Katz afirmou que as Forças Armadas de Israel devem se preparar para a construção deste espaço, onde os palestinos seriam submetidos a "triagens de segurança" antes de serem admitidos. Uma vez dentro do local, os indivíduos não teriam permissão para sair, conforme detalhado em uma coletiva de imprensa destinada a jornalistas israelenses.

A proposta inicial prevê o deslocamento de aproximadamente 600.000 palestinos, muitos dos quais estão atualmente deslocados na região de al-Mawasi. O objetivo final seria abrigar toda a população da Gaza nesse espaço controlado militarmente. Katz enfatizou a intenção do governo israelense em implementar um plano de "emigração", que ele considera inevitável.

A sugestão do ex-presidente dos EUA, Donald Trump, no início do ano, sobre a necessidade de remover um grande número de palestinos da região para "limpar" a faixa trouxe à tona um aumento nas discussões sobre deportação forçada entre políticos israelenses, incluindo o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.

Katz apresentou seu plano pouco antes da visita de Netanyahu a Washington D.C., onde ele estava sob pressão para discutir um possível acordo de cessar-fogo após 21 meses de conflito. O Ministro da Defesa indicou que as obras na "cidade humanitária" poderiam ser iniciadas durante uma eventual trégua.

Em declarações feitas na Casa Branca, Netanyahu mencionou que Israel e os EUA estavam colaborando com outros países para oferecer aos palestinos um futuro melhor. Ele declarou: "Se as pessoas quiserem ficar, elas podem ficar, mas se quiserem sair, elas devem poder sair".

Críticas

Michael Sfard, renomado advogado dos direitos humanos em Israel, denunciou o plano de Katz como uma violação clara das leis internacionais. Ele destacou que o conceito de deslocar a população palestina para uma área específica com vistas à deportação se configura como um crime contra a humanidade. Sfard argumentou que qualquer alegação de que a realocação seria voluntária não se sustenta diante das severas pressões enfrentadas pela população da Gaza.

Além disso, o especialista fez referência ao fato de que expulsar pessoas de sua terra natal no contexto de um conflito armado pode ser considerado um crime de guerra. Se realizado em larga escala, conforme proposto por Katz, isso poderia ser classificado como crime contra a humanidade.

"[Katz] elaborou um plano operacional para um crime contra a humanidade. Não é nada menos do que isso. Trata-se de transferir a população para o extremo sul da Faixa de Gaza, em preparação para a deportação para fora da faixa", disse Sfard. "Embora o governo ainda chame a deportação de 'voluntária', as pessoas em Gaza estão sob tantas medidas coercitivas que nenhuma saída da faixa pode ser vista em termos legais como consensual. Expulsar alguém de sua terra natal seria um crime de guerra, no contexto de uma guerra. Se for feito em grande escala, como ele planeja, torna-se um crime contra a humanidade".

A discussão sobre o deslocamento dos palestinos ganhou destaque anteriormente com ordens militares emitidas para operações iniciadas na primavera deste ano. Sfard representou três reservistas que apresentaram uma petição aos tribunais israelenses pedindo a revogação das ordens militares que visavam mobilizar e concentrar a população civil da Gaza.

O escritório do chefe do Estado-Maior israelense contradisse as afirmações dos reservistas em uma carta oficial, afirmando que o deslocamento ou concentração dos palestinos não eram objetivos das operações em curso. Essa declaração foi diretamente contestada por acadêmicos como o professor Amos Goldberg, historiador especializado no Holocausto.

Goldberg descreveu as intenções de Katz como um plano claro para a limpeza étnica da Gaza e criticou a terminologia usada pelo governo ao referir-se ao local planejado como uma "cidade". Para ele, o conceito de cidade implica oportunidades e liberdade; no entanto, o que está sendo proposto não oferece condições dignas e habitáveis, servindo como um "campo de concentração ou campo de trânsito para os palestinos antes de serem expulsos".

Não é nem humanitária nem uma cidade", disse Goldberg ao The Guardian. "Uma cidade é um lugar onde você tem possibilidades de trabalho, de ganhar dinheiro, de fazer conexões e liberdade de movimento. Há hospitais, escolas, universidades e escritórios. Não é isso que eles têm em mente. Não será um lugar habitável, assim como as 'áreas seguras' são inabitáveis ​​agora".

A proposta também levanta questões sobre as consequências para aqueles palestinos que se opuserem às ordens israelenses. O historiador questionou: "O que acontecerá se os palestinos não aceitarem essa solução e se revoltarem, porque eles não estão completamente desamparados?".

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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