Mito sumério perdido por séculos é traduzido pela primeira vez

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Um antigo mito sumério, esquecido por séculos, voltou a ganhar destaque após um estudo publicado pela Dra. Jana Matuszak no periódico Iraq. A narrativa está gravada na tábua Ni 12501, datada de cerca de 2400 a.C., do período dinástico inicial IIIb, descoberta no século 19 em Nippur.
O texto, ainda que incompleto, chama a atenção por apresentar o deus das tempestades, Iškur — responsável por trazer as chuvas — sendo capturado e levado para o submundo, o Kur.
A partir daí, seu destino se torna o centro de uma missão de resgate, surpreendentemente liderada não por um deus poderoso, mas por uma figura astuta: a Raposa.
Sobre o mito
A história começa em uma paisagem fértil, com rios cheios de peixes e rebanhos multicoloridos. Tudo se transforma quando Iškur e seus animais são capturados. Enlil, seu pai e um dos principais deuses do panteão sumério, convoca a assembleia divina para resgatar o filho. Somente a Raposa se voluntaria.
No submundo, ela engana os anfitriões ao esconder comida e bebida em vez de consumi-las, um truque que lhe permite continuar a jornada em segurança. O texto se interrompe antes de revelar se a missão foi bem-sucedida.
A nova tradução é considerada a primeira edição acadêmica completa dessa obra, que já havia sido citada de forma incompleta no livro "Das Tábuas da Suméria", de Samuel Noah Kramer, em 1956.
Pesquisadores apontam que temas como o herói trapaceiro e a impotência temporária dos deuses aparecem em outros mitos, mas a centralidade de Iškur nesta narrativa é inédita.

Mesmo fragmentado, Ni 12501 oferece um raro vislumbre das crenças e símbolos da antiga Mesopotâmia, explorando temas universais como a perda e a recuperação da abundância, a coragem improvável e os ciclos que moldam a vida humana.



