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Neve rara paralisa maior radiotelescópio do mundo no Deserto do Atacama
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Neve rara paralisa maior radiotelescópio do mundo no Deserto do Atacama

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Aventuras Na História
01/07/2025 17h00
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https://timnews.com.br/system/images/photos/16552799/original/open-uri20250701-35-c1td6d?1751389513
©Divulgação/ALMA
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Uma queda de neve incomum interrompeu as operações científicas do Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (ALMA), um dos maiores e mais sofisticados conjuntos de radiotelescópios do planeta.

Localizado em uma das regiões mais secas da Terra — o Deserto do Atacama, no norte do Chile — o observatório foi forçado a entrar em "modo de sobrevivência" após a tempestade atingir a região na última quinta-feira, 26 de junho.

O acampamento-base do ALMA, situado a 2.900 metros de altitude, foi surpreendido por uma intensa nevasca. Segundo os responsáveis pelo projeto, "não há registro de queda de neve no acampamento há mais de 10 anos", evidenciando a raridade do evento. O ALMA está instalado ainda mais alto, no Planalto do Chajnantor, a 5.104 metros, onde costuma nevar até três vezes por ano. No entanto, a neve em altitudes abaixo de 3.000 metros é considerada altamente incomum.

De acordo com a Direção Meteorológica do Chile, a nevasca foi causada pela passagem de um "núcleo frio" pela região de Antofagasta, trazendo consigo ventos de até 100 quilômetros por hora e instabilidade atmosférica fora do padrão. O fenômeno também provocou fortes chuvas em áreas mais ao norte, resultando no transbordamento de riachos, fechamento de escolas, quedas de energia e deslizamentos de terra. Apesar dos danos materiais, não houve registro de vítimas.

Diante das condições extremas, que incluíam temperaturas de -12 °C e sensação térmica de até -28 °C, o observatório ativou seu protocolo de emergência. As antenas do ALMA — 66 ao todo, espalhadas pelo planalto — foram reposicionadas para reduzir o impacto do vento e do acúmulo de neve.

Segundo representantes da instituição, as operações só serão retomadas após uma inspeção cuidadosa de cada equipamento, realizada pelas equipes de remoção de neve.

Observatório

Curiosamente, algumas das melhores condições para observações astronômicas ocorrem justamente após uma nevasca, quando o ar frio e seco reduz a umidade, que é um dos principais obstáculos à captação de sinais cósmicos. Por isso, a recuperação rápida do observatório é essencial para aproveitar essas janelas raras de visibilidade quase perfeita.

Ainda que o ALMA tenha sido projetado para resistir a eventos climáticos severos, a intensidade da tempestade levanta preocupações sobre o impacto das mudanças climáticas na operação do observatório.

O climatologista Raúl Cordero, da Universidade de Santiago, afirma que, embora ainda seja cedo para estabelecer uma ligação direta entre o fenômeno e o aquecimento global, modelos climáticos preveem um possível aumento nas precipitações, mesmo em regiões hiperáridas como o Atacama.

"O clima está se tornando mais instável. É possível que eventos como esse se tornem mais frequentes no futuro", ponderou Cordero. "Mas ainda não podemos afirmar com certeza se essa tendência já começou".

Segundo o 'Live Science', o ALMA é uma colaboração internacional entre Europa, América do Norte, Leste Asiático e Chile, e desempenha um papel fundamental na observação do universo em comprimentos de onda milimétricos e submilimétricos, permitindo descobertas sobre a formação de estrelas, galáxias e até planetas.

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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