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Estudo revela que ocre era usado como ferramenta na Idade da Pedra
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Estudo revela que ocre era usado como ferramenta na Idade da Pedra

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Aventuras Na História
01/07/2025 22h00
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https://timnews.com.br/system/images/photos/16553073/original/open-uri20250701-35-k4stn?1751407509
©Divulgação/Elizabeth Velliky
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Um novo estudo arqueológico está desafiando antigas ideias sobre o papel do ocre na pré-história humana. Pesquisadores da SapienCE, centro de excelência sediado na África do Sul, descobriram que esse pigmento vermelho, tradicionalmente ligado a práticas simbólicas como pintura corporal ou rituais, também desempenhou um papel técnico essencial na fabricação de ferramentas de pedra altamente elaboradas durante a Idade da Pedra Média.

A descoberta foi feita na Caverna de Blombos, localizada na costa sul da África do Sul, onde escavações arqueológicas vêm revelando vestígios da vida dos primeiros Homo sapiens. Ao reexaminar artefatos anteriormente encontrados no local, a arqueóloga Elizabeth Velliky identificou marcas incomuns de desgaste em fragmentos de ocre — diferentes daquelas típicas do uso como pigmento.

Intrigada, Velliky compartilhou sua descoberta com os colegas Francesco d'Errico, Karen van Niekerk e Christopher Henshilwood. Após análises detalhadas, os pesquisadores confirmaram que ao menos sete desses fragmentos de ocre foram moldados e usados deliberadamente como ferramentas — em especial como "retocadores" para a produção de instrumentos líticos, ou seja, ferramentas de pedra.

O estudo, publicado na revista Science Advances, fornece as primeiras evidências arqueológicas diretas do uso funcional do ocre como instrumento técnico. Pesquisas experimentais conduzidas por d'Errico e sua equipe demonstraram que esses retocadores eram usados em técnicas de lascamento por pressão e percussão direta — métodos avançados que exigem grande habilidade e planejamento.

Essas técnicas permitiam a criação de pontas de pedra bifaciais altamente simétricas e refinadas, conhecidas como pontas de Still Bay, consideradas marcos tecnológicos da pré-história. Os artefatos analisados apresentaram também sinais de "rejuvenescimento" — indício de que eram reutilizados e preservados ao longo do tempo, como ocorre com ferramentas pessoais de alto valor.

"A sofisticação desses lascadores de pressão sugere que eram propriedade pessoal de ferramenteiros experientes", afirmou Francesco d'Errico, em comunicado. "Além de sua função prática, eles também podiam indicar status ou identidade técnica dentro do grupo".

Mudança na compreensão

A descoberta representa uma mudança significativa na compreensão do comportamento humano primitivo. Até agora, o ocre era quase exclusivamente associado a usos simbólicos, como pinturas rupestres, ornamentos e ritos cerimoniais. No entanto, a nova evidência demonstra que ele também tinha valor funcional — sendo parte integral do avanço tecnológico dos primeiros humanos modernos.

"Agora temos provas de que o ocre não era apenas um meio de expressão simbólica, mas um material crucial na produção de ferramentas especializadas", destacou Christopher Henshilwood, diretor da SapienCE.

Karen van Niekerk, diretora das escavações na Caverna de Blombos, ressalta que a descoberta reforça a visão dos primeiros Homo sapiens como seres já plenamente modernos em termos de comportamento. "Cada nova camada escavada revela mais sobre como nossos ancestrais pensavam, criavam e se adaptavam com engenhosidade ao ambiente em que viviam", concluiu.

Segundo o 'Archaeology News', essa revelação amplia significativamente o entendimento sobre as múltiplas funções dos materiais utilizados por nossos antepassados e destaca como, mesmo há 70 mil anos, os humanos já demonstravam uma notável complexidade tecnológica e cultural.

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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