Onda de calor na Europa leva peixe mais venenoso do mundo ao mar da Itália
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Com os termômetros ultrapassando os 44 °C em países como Itália, Portugal, França e Espanha, a intensa onda de calor que atinge a Europa tem consequências que vão além do desconforto térmico. No mar, as altas temperaturas favorecem a presença de espécies tropicais perigosas. O Instituto Italiano para a Proteção e Pesquisa Ambiental (Ispra) emitiu um alerta nesta semana direcionado especialmente a turistas e pescadores sobre o risco crescente de encontros com animais marinhos venenosos.
A principal preocupação recai sobre o peixe-leão e o peixe-pedra, espécies cuja presença tem aumentado consideravelmente no mar Mediterrâneo e no mar Jônico. Desde março de 2025, foram registradas mais de 1.840 ocorrências envolvendo o peixe-leão na costa italiana, número considerado alarmante pelas autoridades ambientais. Ambas as espécies são venenosas e podem causar sérios acidentes em banhistas e profissionais da pesca.
"O calor extremo e as alterações no ecossistema marinho estão facilitando a expansão dessas espécies tropicais", informou o Ispra. O instituto lançou a campanha "Atenção com esses quatro!", em parceria com o projeto AlienFish e o CNR-IRBIM (Conselho Nacional de Pesquisa em Ancona), para educar a população sobre os riscos e incentivar o monitoramento colaborativo. A campanha alerta também para outros três peixes perigosos: o baiacu-prateado, o peixe-coelho-escuro e o peixe-coelho-marmorizado.
Alerta
O peixe-pedra é considerado o mais venenoso do mundo. Ele se camufla entre rochas e areia, e seus 13 espinhos dorsais carregam uma toxina capaz de causar dor excruciante, colapso cardiovascular e, em casos extremos, até a morte em menos de uma hora. Sua aparência disfarçada faz com que banhistas o confundam com uma simples pedra — e pisões acidentais são a forma mais comum de envenenamento.
O peixe-leão, por sua vez, é uma ameaça tanto à biodiversidade quanto à saúde humana. Ele possui 18 espinhos venenosos e pode atingir até 47 centímetros. Sem predadores naturais, prolifera rapidamente: uma única fêmea pode gerar até 2 milhões de ovos ao longo da vida. O simples contato com seus espinhos pode provocar dores intensas, bolhas, náuseas, convulsões e, em alguns casos, reações graves em pessoas mais sensíveis.
No Brasil, a espécie é considerada invasora. Em 2022, um homem foi hospitalizado após pisar em um peixe-leão na praia de Recife e sofrer convulsões. Embora o veneno não seja letal para indivíduos saudáveis, especialistas alertam que os sintomas exigem atenção médica imediata.
Segundo o UOL, o Ispra recomenda que qualquer avistamento dessas espécies seja informado às autoridades locais. A população pode enviar fotos ou relatos por WhatsApp para o número +39 320 4365210 ou por meio dos grupos no Facebook "Oddfish" e "Fauna Marina Mediterrânea".
Com a expectativa de que as temperaturas elevadas persistam nos próximos dias, especialmente nas regiões costeiras, as autoridades italianas reforçam o apelo por cautela: "Olhos atentos dentro e fora da água são essenciais para prevenir acidentes neste verão fora do comum".
