Os desenhos de 8.000 anos encontrados em cratera de impacto na África do Sul

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Quando pensamos nas civilizações mais antigas do mundo, muitos podem pensar nos egípcios, ou até mesmo nos sumérios e mesopotâmios, onde hoje é o Iraque. De fato, estas são consideradas as primeiras civilizações, surgindo após 4.000 a.C., mas é importante recordar que o homo sapiens surgiu entre 300.000 e 200.000 anos atrás.
Logo, não surpreende entender que, pelo mundo, ao longo de centenas de milhares de anos de seres humanos se espalhando, diferentes culturas, costumes e até mesmo artes já iam se formando, antes mesmo do surgimento das primeiras civilizações — e, inclusive, servindo para moldá-las.

Cratera Vredefort
Sobre esses vestígios pré-históricos, um local que se destaca é a Cratera Vredefort, na África do Sul. Segundo o All That's Interesting, esta é a maior cratera de impacto de asteroide confirmada da Terra, com 88 quilômetros de largura.
Esse asteroide em questão provavelmente tinha entre 10 e 14 quilômetros de largura, e devia viajar a uma velocidade de quase 70.000 quilômetros por hora. O impacto ocorreu há cerca de dois bilhões de anos, e foi tão poderoso que deixou uma área de impacto — a sudoeste da atual Joanesburgo — com 800 metros de profundidade e cerca de 300 quilômetros de largura.
Nota-se que há uma boa diferença em sua largura na época do impacto com o que é hoje. O especialista em processos de impacto Roger Gibson, da Universidade de Witwatersrand, explica ao Earth Observation, da NASA, que "se você considerar que a cratera de impacto original era uma tigela rasa, como aquela onde você serviria comida, e você fosse capaz de cortar horizontalmente a tigela progressivamente, você veria que o diâmetro da tigela diminuiria a cada fatia que você tirasse".
Em outras palavras, a erosão nas rochas expostas no local da cratera, provocada pelo vento e outros fatores externos, foi diminuindo aquele espaço e, em paralelo, criando um espaço mais facilmente habitável, para quando chegassem os humanos ali.
Khoi-San
Os "Primeiros Povos" da África do Sul — logo, os primeiros povos da história da humanidade — são hoje conhecidos como Khoi-San, e já se estabeleceram na região há cerca de 8.000 anos.
Segundo os arqueólogos Shiona Moodley e Jens Kriek, que trabalharam no sítio da Cratera de Vredefort, a mitologia destes grupos acreditava em um universo de três níveis.

O nível superior do universo seria abrigo para seu deus e para os espíritos dos mortos; o nível intermediário seria o nosso mundo, o mundo material/físico; e o nível inferior seria o lar dos mortos. E eles também acreditavam que as cobras ocupavam todos os três reinos, e por isso eram consideradas criaturas "da chuva".
E hoje um dos elementos que mais nos revelam o quão antigo esse grupo é são as obras de arte que restaram, e resistiram os últimos 8.000 anos. Dentro da Cratera Vredefort, várias imagens antigas de animais foram descobertas em estudos nos últimos anos — o que torna a cratera chamativa não só pelo evento geológico que representa, mas também pela grande bagagem de história humana que carrega.
Desenhos antigos
Durante uma exploração da cratera para examinar as influências geológicas ao redor da área de impacto do asteroide, cientistas se depararam com uma série de figuras na seção do Domo de Vredefort conhecida como "Cobra da Chuva".
Essas imagens, esculpidas ou pintadas em rochas, retratavam um hipopótamo, um cavalo e um rinoceronte — animais estes que, de fato, eram comuns na área há cerca de 8.000 anos.

Foi a partir da conexão entre esses dados que os pesquisadores estabeleceram que aquelas marcas eram obra dos Khoi-San. E há também quem acredite que os desenhos possuam alguma relação com cerimônias de chuva, para estes antigos humanos.
Como cientistas, reconhecemos a natureza especial da cratera de impacto, mas ela também foi reconhecida pelos antigos habitantes da área", afirma o geógrafo da Universidade do Estado Livre, na África do Sul, Matthew Huber, à Newsweek.
Essas esculturas podem ser vistas no exterior de estruturas de pedra, encontradas na área da cratera conhecida como Os Diques Granophyre. Essa área se estende por 10 quilômetros, com 5 metros de largura, e formou-se logo após o impacto.

Hoje, quem observa, pode constatar que as marcas estão bastante desbotadas na superfície da pedra do dique, mas ainda é possível distinguir bem a forma dos animais da região.
Além disso, já era curioso o fato de o dique possuir uma forma semelhante à de uma divindade cobra-da-chuva, uma figura extremamente importante para os Khoi-San, capaz de invocar chuvas.
Por isso, Matthew Huber acrescenta que, como as marcações eram notavelmente uma descoberta arqueológica significativa, ele e seus colegas pediram a colaboração de arqueólogos locais para compreender o que exatamente "foi feito nesses locais e como isso influenciou as pessoas que estavam lá", desde esse passado tão antigo até as culturas posteriores.
Cratera Vredefort
A sudoeste de Joanesburgo, na África do Sul, prolonga-se por cerca de 88 quilômetros de largura a Cratera Vredefort, a maior cratera de impacto de asteroide conhecida na Terra. Há 8 mil anos, o local já era habitado por antigos grupos humanos conhecidos como Khoi-San, que tinham suas próprias tradições e métodos de fazer artístico — que conta com uma série de representações de animais que podem ser encontradas por lá até hoje.


