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Um herói político: como o Superman incorporou as disputas da Guerra Fria?
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Um herói político: como o Superman incorporou as disputas da Guerra Fria?

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Aventuras Na História
12/07/2025 17h00
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https://timnews.com.br/system/images/photos/16560339/original/open-uri20250712-35-mee393?1752339911
©Reprodução/DC Comics
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Muito antes dos super-heróis dominarem o cinema e os memes da internet, o Superman já era uma figura central — não só na cultura pop, mas também na política internacional.

Criado em 1938 por Jerry Siegel e Joe Shuster, o "homem de aço" nasceu em um mundo à beira da Segunda Guerra Mundial, mas foi durante a Guerra Fria que sua figura se consolidou como símbolo ideológico do Ocidente. Mais do que combater vilões intergalácticos, o Super-Homem se tornou uma arma narrativa na disputa entre capitalismo e comunismo.

O herói propaganda

Durante a Guerra Fria, os Estados Unidos usaram todos os recursos disponíveis para reforçar sua posição moral frente à União Soviética. O Superman — um estrangeiro que adota a América como lar e jura protegê-la com valores como "verdade, justiça e o modo de vida americano" — caiu como uma luva nesse contexto.

Em revistas, rádios e mais tarde na televisão, o herói servia como exemplo idealizado do cidadão americano: forte, honesto, individualista e defensor da liberdade. Seus inimigos, muitas vezes, eram versões disfarçadas de comunistas, espiões soviéticos ou cientistas malucos com planos totalitários. A mensagem era clara: a maior força do mundo estava do lado da democracia — e usava capa vermelha.

David Corenswet como Superman - Divulgação/DC

Nos anos 1950 e 60, com o avanço do macarthismo e a caça às bruxas comunistas, Superman passou a refletir um patriotismo quase inquestionável. A famosa frase "truth, justice and the American way" ("verdade, justiça e o modo de vida americano") foi incorporada ao personagem justamente nesse período, reforçando a ideia de que sua missão estava alinhada com os interesses dos EUA — e não apenas com a justiça em sentido universal.

Segundo historiadores da cultura pop, o herói deixou de ser apenas um salvador para se tornar um agente do status quo: combatia ameaças que poderiam desestabilizar a ordem americana, muitas vezes simbolizadas em figuras que representavam o "outro lado" da cortina de ferro.

O Superman soviético

A influência política do personagem foi tamanha que, em 2003, a DC Comics publicou a minissérie Superman: Red Son, de Mark Millar, imaginando como seria se Kal-El tivesse caído na União Soviética em vez do Kansas. Na HQ, o herói se torna um campeão do comunismo, lutando pela utopia socialista sob o comando de Josef Stalin.

A obra — que se tornou um clássico moderno — serviu como crítica e sátira ao determinismo ideológico dos super-heróis, mostrando que até os mitos mais sólidos são moldáveis pelo contexto político em que se inserem.

Red Son: o Superman soviético - Divulgação/Max

Ao longo das décadas, o Superman foi ressignificado várias vezes. Já simbolizou o sonho americano, a vigilância estatal, o imigrante ideal e até o messias moderno. Mas na Guerra Fria, especificamente, ele encarnou a esperança do Ocidente em vencer não só militarmente, mas moralmente, sua maior rival: a União Soviética.

Hoje, em um mundo novamente polarizado, sua figura continua a ser revisitada, reimaginada e discutida. Afinal, como qualquer herói político, Superman não é apenas o que faz — mas o que representa.

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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