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Mulheres são apenas 35,4% dos profissionais do mercado financeiro e 5,4% dos CEOs; entenda
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Mulheres são apenas 35,4% dos profissionais do mercado financeiro e 5,4% dos CEOs; entenda

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Bons Fluidos
11/09/2025 19h16
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© Reprodução: Canva/Natee Meepian's Images
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Embora as mulheres representem a maioria da população, sua participação no mercado financeiro brasileiro ainda é tímida. De acordo com a 2ª edição da pesquisa Diversidade e Inclusão no Mercado de Capitais da ANBIMA (2025), elas são apenas 35,4% da força de trabalho no setor e 5,4% dos CEOs. Além disso, menos de 6% dos fundos de investimento são geridos por mulheres.

Estruturas que ainda excluem

Para a especialista em finanças Adriana Melo, o setor mantém resquícios de um “grupo” dos homens, que dificulta a ascensão feminina. “O mercado financeiro brasileiro ainda parece aquele bar onde só os velhos conhecidos conseguem mesa. As regras foram escritas por homens, para homens. O networking acontece em rodadas de chope ou poker depois das 22h, não em reuniões inclusivas. E quando a maternidade entra na equação, o jogo fica ainda mais desleal”, afirma.

Ela destaca ainda que, quando apenas homens estão no comando, os vieses cognitivos se refletem nas teses de investimento. Isso reduz a diversidade de perspectivas e mantém as mesmas estratégias tradicionais.

Barreiras culturais e de incentivo

Na visão da especialista em comunicação Maytê Carvalho, o problema começa antes mesmo da entrada no mercado. “Existe um estigma cultural de que o mercado financeiro é predominantemente masculino. As mulheres não são incentivadas a seguir carreiras em áreas de STEM – ciência, tecnologia, engenharia e matemática”, explica.

Para ela, a mudança passa por colocar mulheres no topo das empresas, em cargos de conselho e diretoria, e não apenas em posições de base. “Não adianta contratar 15 estagiárias e dizer ‘olha quantas mulheres temos no nosso time’. O que precisamos são mulheres no topo, tomando decisões top down, caso contrário, não vamos conseguir promover uma mudança real”, completa.

Impactos na tomada de decisão

A consultora do Banco Mundial Kátia Maia ressalta que a baixa presença feminina compromete a qualidade das análises e das estratégias. “Mulheres têm a capacidade de analisar cenários por múltiplas perspectivas, considerando dimensões sociais, ambientais e humanas que muitas vezes são vistas como ‘detalhes’ num mercado tradicionalmente masculino”, observa. Segundo ela, estudos já comprovaram que equipes diversas apresentam melhores resultados e maior alinhamento com demandas atuais, como sustentabilidade e critérios ESG.

Liderança transformadora

Para a especialista em gestão de carreira Jacqueline Brizida, quando mulheres chegam a cargos estratégicos, o impacto vai muito além da inclusão: “A liderança feminina transforma negócios ao trazer novas formas de pensar, decidir e resolver problemas. Quando mulheres ocupam cargos de alto nível, mesmo sendo ainda as primeiras gerações nesse espaço, elas abrem caminho para talentos que antes não se viam representados. Isso não é só inclusão: é inovação aplicada à gestão”, afirma.

Ela alerta, no entanto, que não basta nomear mulheres para cargos de chefia. É preciso criar condições reais para que liderem com autenticidade e sejam ouvidas.

O caminho para avançar

As especialistas apontam que as empresas precisam sair do discurso e investir em medidas concretas, como:

  • Metas de diversidade vinculadas a bônus de executivos;
  • Programas de sponsorship, em que líderes usem seu capital político para abrir espaço para mulheres;
  • Transparência de dados sobre gênero, carreira e progressão;
  • Flexibilidade no trabalho para equilibrar vida pessoal e profissional;
  • Critérios objetivos de promoção, reduzindo a subjetividade e os vieses inconscientes.

Muito além de equidade

Para Adriana Melo, o ponto central é estratégico: “Diversidade não é filantropia, é estratégia. Mais mulheres no topo significam decisões menos enviesadas, análises de risco mais amplas e espaço para inovar em setores que hoje ficam fora do radar. O problema não é falta de talento. É miopia institucional”. Ou seja: incluir mulheres no mercado financeiro não é apenas uma questão de justiça social, mas de competitividade e sustentabilidade para todo o setor.

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