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Como os humanos poderiam viajar milhões de anos-luz em segundos?
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Como os humanos poderiam viajar milhões de anos-luz em segundos?

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Aventuras Na História
18/05/2025 14h00
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©Getty Images
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Viajar para planetas distantes em poucos segundos parece coisa de ficção científica — e, por enquanto, é. Mas essa possibilidade tem base teórica concreta na física moderna: ela depende dos chamados buracos de minhoca. Essas estruturas hipotéticas seriam túneis no tecido do espaço-tempo que poderiam conectar regiões extremamente distantes do universo.

O conceito deriva da Teoria da Relatividade Geral de Albert Einstein, que prevê que a gravidade pode deformar o espaço-tempo como se fosse uma folha de borracha, criando curvas e dobras tão acentuadas que poderiam, sob condições específicas, formar verdadeiras passagens de um ponto a outro do universo.

O espaço-tempo não é plano, mas curvo, enrugado e dobrado pelas forças da gravidade”, explicou o professor Dejan Stojkovic, cosmólogo da University at Buffalo, em entrevista ao Daily Mail.

“Os buracos de minhoca aproveitam essas dobras, abrindo caminho direto de um ponto a outro. Se a garganta do buraco de minhoca for larga o suficiente para comportar uma nave, então podemos usar o atalho que ele oferece.”

A ideia é que, ao invés de percorrer uma longa distância na superfície curva do universo, uma nave poderia atravessar a “garganta” de um buraco de minhoca e emergir do outro lado instantaneamente, mesmo que os pontos estivessem separados por bilhões de anos-luz no espaço convencional.

Teoricamente, não há limite de quão longe poderíamos viajar dessa forma. Dois pontos distantes poderiam estar a bilhões de anos-luz no espaço normal, mas a apenas alguns segundos de distância por meio do buraco de minhoca", afirmou Stojkovic

A astrofísica teórica Dr. Andreea Font, da Liverpool John Moores University, complementou ao Daily Mail: “Os buracos de minhoca são ‘túneis’ no tecido do espaço e do tempo que podem encurtar o caminho normal entre duas regiões distantes do nosso universo.”

Segundo ela, os cálculos baseados nas equações de Einstein indicam que, “em princípio, a geometria do espaço-tempo pode ser dobrada de forma que um túnel possa ser estabelecido entre dois buracos negros massivos em lugares distantes”.

buraco negro
Foto de buraco negro divulgada pela NASA em 2022 / Crédito: Getty Images

Desafios

No entanto, transformar essa ideia em realidade é um desafio colossal. Os buracos de minhoca, se existem, seriam extremamente instáveis. A gravidade intensa tende a colapsar a garganta do túnel quase imediatamente após sua formação. Para que fosse possível atravessá-lo com segurança, seria necessário algum tipo de força que mantivesse o túnel aberto.

É aí que entra a chamada energia negativa, um conceito real na física quântica. Trata-se de regiões do espaço com menos energia do que o vácuo, algo contraintuitivo, mas já observado em experimentos como o efeito Casimir.

Para garantir a estabilidade, é preciso contrariar a força atrativa da gravidade e evitar o colapso das paredes do buraco de minhoca. Para isso, precisamos de grandes quantidades de energia negativa, ou algum arranjo equivalente que forneça força repulsiva para estabilizar o túnel, explicou Stojkovic

Contudo, a quantidade necessária é astronômica. Apesar de termos produzido pequenas quantidades de energia negativa em laboratório, ainda estamos muito longe de conseguir utilizá-la em qualquer escala prática.

“Atualmente, não temos essas capacidades. Mas isso não significa que não as teremos no futuro distante, nem que alguma civilização alienígena já não as tenha agora", acrescentou o professor. 

Ele também lembrou que, por muito tempo, os buracos negros também foram tratados como abstrações matemáticas improváveis. “A solução de Schwarzschild, que descreve buracos negros, foi derivada em 1916, e cientistas líderes durante os 50 anos seguintes se recusaram a acreditar que havia algo tão estranho na natureza. Hoje, vemos buracos negros por todo o universo. Acredito que algo semelhante acontecerá com os buracos de minhoca.”

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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