Vênus vive: Cientistas detectam sinais de atividade geológica no planeta

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Mais de 30 anos após a sonda Magellan, da NASA, ter mapeado a superfície de Vênus, cientistas acabam de revelar que o planeta não está geologicamente morto. Um novo estudo publicado na revista Science Advances identificou sinais de material quente emergindo do manto venusiano, sugerindo que o planeta continua ativo por dentro.
A descoberta reforça o mistério de por que Vênus, tão semelhante à Terra em tamanho e origem, tornou-se um mundo inóspito, enquanto nosso planeta floresceu com vida. Segundo os autores da pesquisa, liderada por Gael Cascioli, do Centro de Voos Espaciais Goddard da NASA, o planeta ainda está passando por transformações impulsionadas por processos internos, apesar de não possuir placas tectônicas como a Terra.
Os cientistas se concentraram em 75 formações geológicas chamadas "coronas", estruturas circulares criadas por plumas de rocha quente que sobem do interior e deformam a crosta venusiana. Simulações de formação dessas coronas, comparadas com os dados coletados pela Magellan, revelaram que 52 delas estão ativamente sendo moldadas por plumas do manto.
"Mal podíamos acreditar no que víamos", disse Cascioli à Scientific American. Já a cientista suíça Anna Gülcher, da Universidade de Berna, destacou que os processos observados em Vênus podem ser semelhantes aos que moldaram a Terra em seus primórdios.
Segundo o 'Live Science', outra descoberta importante foi a identificação de áreas com crosta extremamente fina — em alguns pontos com menos de 65 quilômetros de espessura.
Isso torna o planeta mais suscetível ao derretimento ou rompimento da superfície, segundo Justin Filiberto, da NASA, o que pode alimentar a atividade vulcânica e reciclar elementos como a água, influenciando até a composição atmosférica do planeta.
Expectativas
As novas descobertas alimentam grandes expectativas para as futuras missões espaciais a Vênus. A missão VERITAS, da NASA, irá mapear a superfície com resolução até quatro vezes maior que as anteriores. Já a missão DAVINCI, prevista para 2029, explorará a química atmosférica, e a EnVision, da Agência Espacial Europeia, deverá aprofundar o mapeamento geológico a partir de 2030.
"A combinação dessas missões pode revolucionar nossa compreensão não só da geologia de Vênus, mas também da história da própria Terra", afirma Suzanne Smrekar, cientista planetária do Laboratório de Propulsão a Jato, da NASA.


