Descoberto predador de 506 milhões de anos com aparência de mariposa

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Paleontólogos do Museu de Manitoba e do Museu Real de Ontário (ROM), no Canadá, anunciaram a descoberta de uma nova e extraordinária espécie pré-histórica nos Xistos de Burgess, um dos sítios fossilíferos mais importantes do mundo.
Batizado de Mosura fentoni, o animal viveu há cerca de 506 milhões de anos e apresentava uma combinação impressionante de características: corpo do tamanho de um dedo, três olhos, garras espinhosas, nadadeiras laterais e uma boca circular com dentes.
Apesar de seu pequeno porte, o M. fentoni era um predador formidável e pertence ao grupo extinto dos radiodontes, os primeiros artrópodes a surgirem na árvore evolutiva. No entanto, ele se destaca dos demais por uma adaptação anatômica única: um "abdômen" composto por 16 segmentos, nunca antes observado nesse grupo.
A descoberta, publicada nesta quarta-feira, 14, na revista Royal Society Open Science, levanta novas questões sobre a ecologia e o comportamento dos primeiros artrópodes. "Não sabemos exatamente o motivo desse abdômen segmentado, mas pode estar relacionado ao habitat ou à forma de nadar do animal", disse Jean-Bernard Caron, coautor do estudo e curador do ROM.
Segundo a 'Revista Galileu', durante as escavações, os pesquisadores apelidaram o fóssil de "mariposa-do-mar" devido à semelhança de suas nadadeiras centrais com asas de mariposa — uma inspiração direta para o nome científico Mosura, em referência à criatura Mothra dos filmes japoneses, inimiga e às vezes aliada de Godzilla.
Impressionante
A anatomia interna do M. fentoni também impressiona. Graças à excepcional preservação dos fósseis, os cientistas conseguiram identificar partes de seus sistemas digestivo, nervoso e circulatório. "Podemos ver vestígios dos nervos ligados aos olhos, o que indica que ele tinha um processamento visual relativamente complexo, como os artrópodes modernos", explicou Caron.
Ao contrário dos humanos, essa criatura possuía um sistema circulatório aberto. O coração bombeava sangue para grandes cavidades internas, chamadas de lacunas, que foram preservadas nos fósseis como manchas reflexivas. "Essa preservação detalhada nos ajuda a entender estruturas similares encontradas em outros fósseis menos completos", afirmou Joe Moysiuk, autor principal do artigo.
A descoberta do Mosura fentoni reforça a ideia de que os primeiros artrópodes já eram surpreendentemente diversos e bem adaptados, muito antes do surgimento de formas modernas como aranhas e caranguejos. Para os cientistas, a nova espécie não só amplia o conhecimento sobre os radiodontes, como também lança luz sobre os caminhos iniciais da evolução de sistemas biológicos complexos.
"Estudar essas criaturas nos permite traçar uma linha contínua entre o passado profundo e os animais que vemos hoje. Cada novo fóssil é uma janela para os primeiros experimentos da vida na Terra", conclui Moysiuk.


