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Fóssil de cérebro revela origem marinha dos aracnídeos
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Fóssil de cérebro revela origem marinha dos aracnídeos

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Aventuras Na História
22/07/2025 22h00
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https://timnews.com.br/system/images/photos/16566728/original/open-uri20250722-36-1fdckud?1753221910
©Divulgação/Nick Strausfeld
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Um estudo recente sugere que os ancestrais de aranhas e outros aracnídeos podem ter habitado ambientes marinhos, desafiando a noção de que esses organismos surgiram exclusivamente em terra firme. Essa revelação se baseia na análise de um fóssil que apresenta características únicas do cérebro de um animal extinto conhecido como Mollisonia symmetrica.

Os pesquisadores observaram que a disposição das estruturas cerebrais desse organismo é invertida quando comparada à maioria dos artrópodes modernos, que incluem insetos, crustáceos e miriápodes. Notavelmente, o cérebro de M. symmetrica mostra semelhanças com o dos aracnídeos, como aranhas e escorpiões, levando os cientistas a concluir que esse animal marinho pode ser um ancestral primitivo dos aracnídeos contemporâneos. Os achados foram publicados na revista Current Biology.

Nicholas Strausfeld, professor especialista em neurociência de artrópodes na Universidade do Arizona e coautor do estudo, comentou sobre o debate contínuo acerca da origem dos aracnídeos: "Ainda há discussões acaloradas sobre onde e quando os aracnídeos apareceram pela primeira vez e que tipo de quelicerados eram seus ancestrais, além de se eram marinhos ou semi-aquáticos como os caranguejos-ferradura".

Os quelicerados, como M. symmetrica, começaram a se diferenciar de outros artrópodes no meio do período Cambriano. O gênero Mollisonia é conhecido por quatro espécies que existiram entre aproximadamente 515 e 480 milhões de anos atrás. A espécie M. symmetrica possuía um corpo segmentado semelhante ao de um escorpião, um carapaça arredondada e seis pares de apêndices utilizados para locomoção e caça.

Ainda que não se tenha certeza sobre o momento exato em que os aracnídeos se separaram dos demais quelicerados, estima-se que eles tenham surgido há cerca de 400 milhões de anos. Até agora, as evidências fósseis sugeriam que esses seres viviam exclusivamente em ambientes terrestres.

Análise

No novo estudo, a equipe examinou o cérebro fossilizado e o sistema nervoso central de um espécime de M. symmetrica encontrado na formação Burgess Shale, localizada nas Montanhas Rochosas canadenses. Ao contrário do cérebro do caranguejo-ferradura do gênero Limulus, o cérebro de M. symmetrica apresenta uma organização estrutural inversa, similar à disposição encontrada nos cérebros modernos das aranhas. Isso indica que os aracnídeos podem ter evoluído a partir dos quelicerados marinhos antes do que se pensava anteriormente.

Segundo o 'Live Science', Strausfeld descreveu essa configuração cerebral inversa: "É como se o cérebro tipo Limulus visto nos fósseis Cambrianos ou os cérebros dos crustáceos ancestrais e atuais tivessem sido virados ao contrário, o que observamos nos modernos aracnídeos".

Essa disposição cerebral distinta é exclusiva dos aracnídeos entre os animais contemporâneos, sugerindo que M. symmetrica pode ter sido um dos primeiros representantes dessa classe e que tal organização evoluiu no ambiente marinho antes da migração para a terra. Estudos sobre cérebros atuais de aranhas indicam que essa configuração permite uma coordenação superior em movimentos predatórios, incluindo velocidade e destreza.

Strausfeld ainda observou como a agilidade das aranhas como predadoras pode ter influenciado a evolução das asas nos insetos, permitindo uma melhor fuga das presas: "Ter a capacidade de voar proporciona uma vantagem significativa quando se está sendo perseguido por uma aranha".

A pesquisa utilizou um programa computacional para determinar a probabilidade de relação entre o cérebro de M. symmetrica e o das aranhas modernas. Através da comparação das características cerebrais e corporais de vários artrópodes vivos e extintos, a análise sugeriu que a linhagem Mollisonia evoluiu para o grupo dos aracnídeos, levando à formação "dos predadores artrópodes mais bem-sucedidos do planeta", conforme descrito pelos autores do estudo.

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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