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Bob Esponja: Fenda do Bikini da vida real já foi campo de testes nucleares dos EUA
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Bob Esponja: Fenda do Bikini da vida real já foi campo de testes nucleares dos EUA

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Aventuras Na História
26/07/2025 15h00
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https://timnews.com.br/system/images/photos/16569271/original/open-uri20250726-37-itybzf?1753542312
©Getty Images / Divulgação/Nickelodeon
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Bob Esponja é um dos desenhos mais populares da televisão dos anos 2000. A animação criada pelo biólogo marinho e animador Stephen Hillenburg estreou na Nickelodeon em 1º de maio de 1999 e até hoje está no ar — já são 15 temporadas e 345 episódios desde então. 

A série se tornou a marca mais famosa da Nickelodeon e também a mais lucrativa do canal: apenas em 2019, Bob Esponja gerou um lucro de US$ 13 bilhões em receita de merchandising, segundo dados da Business Wire. 

A franquia, além da animação, conta com filmes, jogos, livros e uma infinidade de outros produtos. O que poucos sabem, porém, é que o local onde o desenho se passa, serviu de campo de testes nucleares dos Estados Unidos depois da Segunda Guerra Mundial. Conheça a verdadeira história por trás da Fenda do Bikini!

O atol de Bikini

A Fenda do Bikini, local onde o desenho se passa, está localizado no fundo do Oceano Pacífico. Segundo o próprio Stephen Hillenburg já confirmou, ela está abaixo de sua ilha, o Atol de Bikini — que foi usado como campo de testes nucleares pelos EUA

O fato, inclusive, é referenciado em diversos momentos do desenho, com explosões que se assemelha ao efeito cogumelo de uma detonação atômica. No episódio 'Morrendo por uma torta', por exemplo, Bob Esponja recebe um explosivo disfarçado de torta.

Um atol, nada mais é do que uma ilha formada por corais; que possui o formato de um anel. Em seu centro, se forma uma lagoa marinha. E é justamente neste lugar que os norte-americanos fizeram seus testes nucleares. 

Para se ter uma ideia, conforme recorda matéria da BBC, entre as décadas de 1940 e 1950, os Estados Unidos bombardearam o Arquipélago Marshall, onde fica o Atol de Bikini, com 67 armas nucleares; com a força equivalente a 210 megatons de TNT.

Em termos comparativos, isso seria mais de 7 mil vezes a força usada contra Hiroshima, em 6 de agosto de 1945. A destruição foi tamanha que muitas ilhas registradas em mapas antigos, simplesmente não existem mais. 

Os testes começaram em meio ainda a euforia da vitória da Segunda Guerra Mundial e pouco antes do início da Guerra Fria. Como as bombas de Hiroshima e Nagasaki eram algo jamais visto antes, o Pentágono decidiu que precisava testar melhor sua nova arma poderosa — o que também serviu como uma demonstração de força para intimidar os soviéticos. 

Bombas que estavam no Atol de Bikini - Getty Images

Entretanto, vale ressaltar, o Atol de Bikini não era uma região desabitada. Cerca de 200 pessoas viviam por lá. Assim, elas tiveram que sair do local, e se mudaram para o Atol de Rongerik, para que os testes fossem feitos. A primeira explosão em Bikini aconteceu em julho de 1946 e os outros se estenderam até 1958. Só o Atol de Bikini recebeu 23 bombas

As consequências

Por conta de todos os experimentos durante quase duas décadas, o Atol de Bikini se transformou em um local fantasma. Quer dizer, no início dos anos 1970, os moradores chegaram a ser liberados para voltar para suas casas. 

Mas uma última medição feita por um time da Universidade de Columbia mostrou que os níveis de radiação ainda eram altos e perigosos. Afinal, até mesmo os cocos espalhados pelas praias eram radioativos. 

A Superinteressante aponta que os moradores chegaram a ser indenizados em 100 milhões de dólares. Mas o dinheiro não ajudou em quase nada, visto que o governo norte-americano estipulou que os valores para descartar o lixo radioativo da ilha seria bem mais caro que a indenização. 

Apesar da alta concentração de plutônio, amerício e bismuto radioativos, maiores do que em qualquer outra área das Ilhas Marshall, o Atol de Bikini se tornou um refúgio escondido para espécies marinhas, com pequenos peixes arco-íris, por exemplo, prosperando na região.

Segundo a BBC, sem a interferência humana no local, pesquisadores constataram que os peixes que vivem por lá eram maiores do que aqueles regularmente vistos em locais que são alvo de pesca constante. 

Já em 2016, um estudo publicado na revista da Academia de Ciências dos Estados Unidos (PNAS) deu um panorama de como estava a radiação no Atol de Bikini. Os dados daquela época apontam que a região continuava com perigosos níveis de radiação: 184 millirems liberados por ano

Teste atômico no Atol de Bikini - Getty Images

Rem é o termo usado para "Roentgen equivalent in man" — a unidade usada para medir a dose de radioatividade absorvida pelo homem ou por outros mamíferos em determinado lugar. Para se ter uma ideia de como o nível continuava alto, quando o último teste foi feito na década de 1970, a estimativa é que o índice medido de quase 50 anos depois estaria entre 16 e 24 millirems.

Na prática, através de estudos com sobreviventes dos ataques nucleares em Hiroshima e Nagasaki, pesquisadores da Universidade de Cambridge concluíram que quando uma pessoa passasse a vida exposta a 1 rem (mil vezes mais que um millirem) de radiação, ela teria entre 15% e 20% mais chances de morrer de câncer. 

Em 2010, o atol foi declarado Patrimônio da Humanidade pela Unesco, por "conservar evidências tangíveis diretas e significantes do poder dos testes nucleares". Até hoje, o lugar segue inabitado.

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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