Nobre revolucionário: Napoleão ficou dividido durante a Revolução Francesa?

Aventuras Na História








No próximo dia 22 de novembro, chega aos cinemas aquele que promete ser um dos mais importantes filmes históricos do ano: 'Napoleão'. Dirigido por Ridley Scott e com o vencedor do Oscar, Joaquin Phoenix, dando vida ao importante general, o longa apresentará alguns dos momentos mais importantes e impressionantes da vida de Napoleão Bonaparte.
A produção, segundo a sinopse, vai acompanhar "as origens do comandante militar Napoleão e sua rápida ascensão. Uma visão através do prisma de seu relacionamento e muitas vezes volátil com sua esposa e por ser amor verdadeiro, Josefina."
A relevância do nome de Napoleão Bonaparte na história mundial se deve não só às suas numerosas conquistas e marcantes vitórias em nome do povo francês, como também a sua ascensão ao cargo de imperador.
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Antes de alcançar a glória, entretanto, Napoleão foi uma figura importante na Revolução Francesa (1789 - 1799), que derrubou a monarquia e destituiu, em 1792, o último rei, Luís XVI — que seria executado no ano seguinte. No entanto, a fama de figura revolucionária não o acompanhava desde sua origem. Entenda!
Carlo Maria Bonaparte
Antes de compreender o contexto em que Napoleão estaca inserido, é necessário conhecer a figura de seu pai, Carlo Maria Bonaparte, e a região em que nasceu: a ilha de Córsega.
Pouco mais de um ano antes do nascimento de Napoleão, em maio de 1768, a República de Gênova — na época, um Estado independente ao noroeste da península Itálica e, também, detentora da ilha — "vendeu a ilha da Córsega para Luís XV, rei da França", explica Celso Ramos, historiador e professor da Estácio, em entrevista exclusiva à Aventuras na História.

Com a chegada dos franceses em Córsega, surgiram movimentos contrários, incluindo adeptos à independência da ilha, que não queriam servir a novos senhores. Entre esses revolucionários, estava o homem cujo filho mudaria toda a História: Carlo Maria Bonaparte.
Entrincheirados nas montanhas no interior da ilha, os corsos resistiram por quase um ano, quando foram derrotados pelos franceses que fizeram valer sua superioridade numérica e melhores armamentos", explica Ramos.
No entanto, contrariando as expectativas de muitos, a administração francesa foi positiva: "Ansiosa pela pacificação dos nativos, anistiou rapidamente os revoltosos e iniciou uma fase de grandes investimentos visando a modernização da Córsega", detalha o historiador. O que os franceses queriam era construir uma base sólida de apoio com a população local, para assim conquistar maior influência pelo Mar Mediterrâneo.
No processo, então, Carlo Bonaparte aceitou bem a chegada dos franceses na região. E talvez até mais que isso, considerando-se que, mesmo já tendo lutado contra eles, tornou-se simpatizante da administração francesa e conseguiu avançar posições socialmente, a ponto de aproximar-se da Coroa e se tornar um representante da monarquia em Córsega.

Nobre revolucionário?
Neste contexto, Napoleão Bonaparte viveu grande parte da sua vida não só como francês, mas como um nome da nobreza. Porém, com a chegada da Revolução Francesa, em 1789, e a ampliação do poder do "Terceiro Estado" — uma burguesia que crescia, formada por trabalhadores da cidade e do campo —, a força dos nobres, baseada em dinheiro e proximidade com a realeza, se tornou cada vez menor.
Ao mesmo tempo, o filho de Carlo, Napoleão, um jovem e leal oficial — considere que o oficialato era quase uma das poucas relevâncias que sobraram para a nobreza —, se viu dividido. Por um lado, tinha origem nobre, e por outro, um francês que "via com bons olhos a limitação do poder real pela Constituição e o consequente aumento da participação popular", acrescenta Celso Ramos.

Embora dividido por um momento, a dúvida não o atormentou por muito tempo. Quando a Constituição de 1791 se viu ameaçada, além de outras monarquias europeias se posicionando contra, Napoleão "se filiou a um clube de defesa da Constituição e lhe jurou fidelidade".
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Foi assim que, eventualmente, conquistou cada vez mais respeito e foi considerado herói pelos franceses. Ele venceu diversas batalhas ao longo de sua vida e, 2 de dezembro de 1804, foi coroado imperador dos franceses.



