Conheça a 1ª mulher negra eleita para a Academia Brasileira de Letras

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A publicitária, escritora, roteirista e dramaturga Ana Maria Gonçalves é a 1ª mulher negra a ocupar uma cadeira na Academia Brasileira de Letras, a ABL. Com 55 anos e natural de Ibiá, Minas Gerais, seu nome se tornou referência ao abordar, em suas obras, temas ligados à ancestralidade africana e à trajetória do povo negro no Brasil.
Um dos principais marcos de sua carreira é o romance “Um Defeito de Cor”, lançado pela editora Record. No livro, a autora narra o percurso de uma menina nascida no antigo Reino do Daomé, que, ao ser capturada ainda criança, atravessa uma dolorosa travessia até chegar ao Brasil escravizado do século XIX. Inspirada em figuras históricas como Luísa Mahin, a protagonista representa o poder de resistência e reapropriação de identidade em meio às adversidades impostas pela escravidão.
Ao longo dos últimos 25 anos, a obra de Ana Maria Gonçalves conquistou reconhecimento nacional e internacional. O romance “Um Defeito de Cor” consolidou-se como um dos mais importantes do período. Além de ter sido multipremiado, o livro inspirou o enredo da escola de samba Portela no Carnaval de 2024, demonstrando seu alcance para além das páginas.
1ª mulher negra na ABL
Após a eleição, ‘imortais” comemoraram a entrada de Ana Maria na ABL. Para o presidente da ABL, Merval Pereira, ela “é uma das maiores escritoras brasileira dos últimos anos”.
“O livro Um Defeito de Cor foi considerado o mais importante da literatura brasileira dos últimos 25 anos. Só por isso, merece entrar para a ABL. Além disso, é uma mulher negra e a ABL está empenhada em aumentar sua representatividade entre seus pares. Ana Maria terá a função de demonstrar que a ABL está sempre querendo aumentar sua representatividade de sexo, cor, e qualquer tipo que represente a cultura brasileira. Queremos ser reconhecidos como uma instituição cultural que represente o Brasil, a diversidade brasileira. Ela aumenta nossa vontade de estar sempre presente nos movimentos sociais relevantes”, afirmou.
“É um dia histórico. É uma mulher negra que espero que entre na academia fazendo uma grande ‘descendência’. Nós temos aprendido tanto com o feminismo negro e a Ana é uma grande representante desse grupo de pensadoras, desse grupo de intérpretes do Brasil. É uma alegria para a ABL receber agora minha comadre — que já o era antes — e autora de um livro que desfilou na Sapucaí, é um dos livros mais importantes desses 25 anos”, disse Lilia Moritz Schwarcz, que entrou na ABL em 2023.


