Home
Estilo de Vida
Envelhecimento da população brasileira é tema da redação do ENEM; veja
Estilo de Vida

Envelhecimento da população brasileira é tema da redação do ENEM; veja

publisherLogo
Bons Fluidos
10/11/2025 20h12
icon_WhatsApp
icon_Twitter
icon_facebook
icon_email
https://timnews.com.br/system/rss_links/images/51005/original/Bons_Fluidos.png?1764195908
icon_WhatsApp
icon_Twitter
icon_facebook
icon_email
PUBLICIDADE

O tema da redação do ENEM 2025 – “Perspectivas acerca do envelhecimento na sociedade brasileira” – trouxe para o centro do debate uma transformação que redefine o país. O Brasil, historicamente visto como uma nação jovem, está envelhecendo em ritmo recorde. E os impactos desse processo vão muito além das estatísticas demográficas: afetam a saúde, a economia, o mercado de trabalho e até a estrutura familiar.

Um país que envelhece mais rápido do que se prepara

De acordo com o Instituto de Estudos para Políticas de Saúde (IEPS), a população idosa brasileira dobrará em apenas 25 anos. Esse é um ritmo seis vezes mais acelerado do que o observado na França. A previsão é que, até 2031, o número de idosos ultrapasse o de crianças, o que representa um marco histórico e um enorme desafio social e econômico.

Esse envelhecimento acelerado também inspirou o próprio tema da redação do Enem, justamente por refletir uma das questões mais urgentes do futuro do país. Como garantir qualidade de vida, autonomia e suporte a uma população que envelhece sem que a estrutura pública acompanhe o mesmo ritmo? 

Do envelhecer à saúde pública: uma mudança no mapa das doenças

Com o aumento da longevidade, cresce também a incidência de doenças crônicas associadas ao envelhecimento. Hipertensão, diabetes, AVC, Alzheimer e câncer se tornaram problemas de grande impacto para o Sistema Único de Saúde (SUS) e para as famílias – especialmente as mulheres, que assumem o papel de cuidadoras e, muitas vezes, acabam afastadas do mercado de trabalho.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), distúrbios neurológicos e cardiovasculares já são responsáveis por quase metade dos casos de incapacidade no mundo. No Brasil, o AVC voltou a ser a principal causa de morte cardiovascular desde 2019. Isso é reflexo do envelhecimento populacional e do controle insuficiente da pressão arterial e do diabetes.

Avanço do Alzheimer, câncer e hipertensão

Entre as doenças que mais crescem, o Alzheimer é o exemplo mais preocupante. Mas há avanços científicos promissores. Um estudo liderado por pesquisadores brasileiros e publicado na Nature Neuroscience revelou que a progressão do Alzheimer está ligada a um processo de inflamação silenciosa no cérebro. Essa descoberta pode abrir caminho para novos tratamentos preventivos e combinados.

O aumento da expectativa de vida também tem mudado o panorama das principais causas de morte no país. O câncer já superou as doenças cardiovasculares em 670 municípios brasileiros, segundo o Observatório de Oncologia, e deve se tornar a principal causa de morte no país até 2029.

Outro problema que cresce com a idade é a hipertensão arterial. Em setembro, uma nova diretriz brasileira passou a classificar a pressão de 12 por 8 como “pré-hipertensão”, justamente para antecipar o diagnóstico e reduzir os riscos de AVC e insuficiência renal.

Um país que precisa se preparar

Com poucos geriatras, escassez de centros de reabilitação e apenas 36% dos municípios com casas de apoio para idosos, o Brasil ainda está distante de oferecer uma estrutura sólida para sua população envelhecida. A consequência é clara: mais doenças, famílias sobrecarregadas e um sistema de saúde sob pressão. O envelhecimento é inevitável, mas o modo como o país enfrenta esse processo determinará o futuro de milhões de brasileiros.

O Enem como espelho da realidade

Ao escolher o envelhecimento como tema da redação, o Enem 2025 propôs mais do que uma reflexão sobre o futuro. Convidou os jovens a pensar no país que estão ajudando a construir. O assunto combina aspectos biológicos, sociais, econômicos e emocionais, permitindo múltiplas abordagens – da sobrecarga das famílias ao impacto nas políticas de saúde e previdência.

O tema também dialoga com outro fenômeno curioso: o aumento da participação de idosos no próprio exame. Em 2025, mais de 17 mil pessoas com 60 anos ou mais se inscreveram para fazer o Enem, um crescimento de 190% em relação a 2022. É um dado simbólico, que mostra que o envelhecimento não é apenas um desafio, mas também uma oportunidade de reinvenção e aprendizado contínuo.

icon_WhatsApp
icon_Twitter
icon_facebook
icon_email
PUBLICIDADE
Confira também