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Estudo sugere que música na sala de cirurgia pode ajudar na recuperação; entenda
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Estudo sugere que música na sala de cirurgia pode ajudar na recuperação; entenda

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Bons Fluidos
25/11/2025 18h33
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Imagine entrar para uma cirurgia completamente adormecido, sem memória, sem percepção, mas ainda assim recebendo, sem saber, um estímulo capaz de ajudar seu corpo a lidar melhor com o estresse. Foi exatamente o que aconteceu com pacientes indianos submetidos à remoção da vesícula biliar em um estudo recente que chamou a atenção da comunidade médica.

Durante o procedimento, enquanto estavam sob anestesia geral, alguns deles ouviram música instrumental por meio de fones com cancelamento de ruído. A intervenção, aparentemente simples, produziu um efeito surpreendente: redução no uso de anestésicos e analgésicos, pressão arterial mais estável e um despertar mais rápido após a cirurgia. Publicada na revista Music and Medicine e divulgada pela BBC, a pesquisa traz uma nova luz sobre como o cérebro responde à música – mesmo quando o paciente está inconsciente.

O poder da música por trás da anestesia

A equipe do Maulana Azad Medical College e do Lok Nayak Hospital, em Nova Déli, partiu de uma informação conhecida na fisiologia: a audição é o último dos sentidos a ser desligado. Ou seja, ainda que a consciência seja suspensa, o cérebro continua processando estímulos sonoros.

Com isso em mente, os pesquisadores elaboraram um ensaio clínico envolvendo 56 adultos de 20 a 45 anos, divididos aleatoriamente em dois grupos. Todos usaram fones com cancelamento de ruído, mas apenas metade ouviu músicas instrumentais relaxantes – com opções entre piano e flauta.

Os participantes foram submetidos ao mesmo protocolo medicamentoso: sedativos, fentanil, propofol, prevenção de náuseas, relaxantes musculares e bloqueios regionais guiados por ultrassom. Ainda assim, as diferenças entre os grupos logo ficaram evidentes.

O que os pesquisadores observaram

Segundo os autores, os pacientes que ouviram música apresentaram: uso significativamente menor de propofol; menor necessidade de fentanil, um opioide potente; pressão arterial mais estável durante a cirurgia; redução nos níveis de cortisol, hormônio ligado ao estresse; despertar mais rápido e mais lúcido no pós-operatório.

Esses resultados chamam atenção especialmente durante as fases mais desafiadoras do procedimento, como a intubação. A Dra. Sonia Wadhawan explica: “a laringoscopia e a intubação são consideradas as fases mais estressantes da anestesia. Embora o paciente esteja inconsciente, o corpo responde com alterações hormonais e cardiovasculares.” A música, ao que tudo indica, parece suavizar esse impacto.

O cérebro anestesiado continua ouvindo

Embora a ideia seja intrigante, ela não é totalmente nova. Relatos raros de consciência intraoperatória (quando o paciente recorda trechos da cirurgia) já mostravam que o inconsciente pode capturar memórias implícitas. Se experiências negativas podem deixar rastros, os autores argumentam que intervenções positivas também podem trazer benefícios.

O estudo ainda é pequeno, mas reforça uma tendência crescente na medicina: enxergar o paciente como um organismo que responde não apenas a medicamentos, mas também ao ambiente. Sons, luzes, toques e estímulos não farmacológicos podem modular o estresse, acelerar a recuperação e reduzir o uso de drogas. Em tempos em que cirurgias minimamente invasivas e protocolos de recuperação acelerada ganham força, intervenções simples, como colocar um fone com música relaxante, podem ter um impacto profundo.

Leia também: Terapia sonora: o poder da música para curar a ansiedade”

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