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Arqueólogos descobrem antiga rede de oásis murados na Arábia
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Arqueólogos descobrem antiga rede de oásis murados na Arábia

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Aventuras Na História
02/07/2025 21h20
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https://timnews.com.br/system/images/photos/16553874/original/open-uri20250702-35-1byo36v?1751491511
©Divulgação/Projeto Arqueológico de Dumat al-Jandal
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Uma descoberta arqueológica extraordinária está redesenhando o mapa histórico da Península Arábica. Uma equipe internacional de arqueólogos identificou uma vasta rede de oásis murados e fortificados, datados de mais de 4.000 anos, no noroeste da Arábia Saudita.

Esses oásis não apenas revelam estratégias sofisticadas de sobrevivência em um dos ambientes mais inóspitos do planeta, como também demonstram o surgimento precoce de sociedades sedentárias organizadas e hierarquizadas.

Por meio de imagens de satélite, escavações de campo e registros históricos, os pesquisadores localizaram pelo menos dez oásis fortificados, de Tayma, próximo à Jordânia, até Thaj, próximo ao Golfo Pérsico.

Alguns, como Khaybar, remontam a 2250–1950 a.C. e possuem muralhas que protegiam plantações de grãos e tamareiras. Outros, como Dumat al-Jandal, foram redescobertos graças a fotografias aéreas de 1964 e contêm muros de até dois quilômetros de extensão.

De acordo com Guillaume Charloux, coautor do estudo publicado na revista Antiquity, essas muralhas — com até dois metros de espessura e torres de vigia — não serviam apenas para defesa contra invasores, mas também como símbolos de poder coletivo.

Sua construção e manutenção ao longo de séculos demandaram organização social, conhecimento técnico e trabalho colaborativo, o que reforça a ideia de que essas populações já não eram nômades, mas comunidades estabelecidas que controlavam recursos vitais.

No interior das muralhas, os arqueólogos encontraram vestígios de poços, pomares de frutas e tamareiras, rebanhos de cabras e ovelhas — indícios de uma economia estável e estruturada.

Essa infraestrutura permitiu que tais assentamentos resistissem a secas e ataques, consolidando-se como centros de poder local que mais tarde dariam origem aos reinos das caravanas árabes, fundamentais para o comércio entre o Mediterrâneo, o Levante e o sul da Ásia.

Revolução

A pesquisa também destaca a longa continuidade desse modelo: enquanto as muralhas mais antigas datam da Idade do Bronze, elas continuaram a ser erguidas e adaptadas durante a Idade do Ferro, no período romano e até os séculos 19 e 20 — como demonstram os registros de Medina, al-Ula e Anaizah, onde grandes áreas agrícolas protegidas por muros ainda estavam em uso recente.

Para os especialistas, a descoberta representa uma revolução na compreensão da Arábia antiga. Segundo o 'Archaeology Magazine', ela desafia a imagem tradicional da região como terra exclusivamente habitada por povos beduínos e revela que já havia formas complexas de urbanismo rural e controle político territorial há cinco milênios.

Embora muitos enigmas permaneçam — como a origem da mão de obra, o papel das mudanças climáticas no declínio dos oásis e as variações regionais do modelo —, os arqueólogos são unânimes: esta rede murada de oásis representa um marco na história do urbanismo e da organização social em ambientes extremos, com lições que ecoam até os dias de hoje.

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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