Home
Notícias
Esqueleto do primeiro egípcio antigo passa por análise de genoma completo
Notícias

Esqueleto do primeiro egípcio antigo passa por análise de genoma completo

publisherLogo
Aventuras Na História
02/07/2025 17h00
icon_WhatsApp
icon_facebook
icon_email
https://timnews.com.br/system/images/photos/16553624/original/open-uri20250702-35-1sxwbsc?1751475910
©Reprodução/Universidade de Liverpool
icon_WhatsApp
icon_facebook
icon_email
PUBLICIDADE

Um achado arqueológico extraordinário no Egito antigo trouxe à luz a história genética de um homem que viveu há mais de 4.500 anos. Este indivíduo, possivelmente um oleiro, tornou-se o primeiro egípcio da antiguidade a ter seu genoma totalmente sequenciado e analisado por cientistas.

Os restos mortais foram descobertos em 1902, dentro de um recipiente de cerâmica selado, em uma tumba escavada na rocha localizada em Nuwayrat, a cerca de 265 quilômetros ao sul do Cairo. Desde então, as ossadas têm sido preservadas em um museu, onde conseguiram sobreviver a bombardeios que devastaram grande parte da coleção de restos humanos.

Segundo o 'The Guardian', apesar das condições climáticas quentes e do tempo decorrido, o DNA do homem se manteve notavelmente bem conservado. Especialistas acreditam que a singularidade do sepultamento pode ter contribuído para a preservação dos materiais biológicos ao longo dos milênios.

O pesquisador Pontus Skoglund, líder do laboratório de genômica antiga no Francis Crick Institute, em Londres, expressou entusiasmo com os resultados: "É emocionante poder obter genomas deste período e local. Embora se trate apenas de um indivíduo, isso fornece uma visão valiosa sobre a ancestralidade dos primeiros egípcios no Antigo Reino".

De acordo com datações por radiocarbono, o homem viveu alguns séculos após a unificação do Alto e Baixo Egito, um período crucial entre o início da dinastia e o Antigo Reino, que abrangeu as terceiras a sextas dinastias. Essa era, conhecida como a Idade das Pirâmides, foi marcada por significativas inovações, incluindo a construção da primeira pirâmide em degraus em Saqqara.

Análises realizadas em um dos dentes do homem revelaram características físicas notáveis: pele escura, olhos castanhos e cabelo, além de uma ancestralidade neolítica norte-africana com uma contribuição genética de 20% proveniente da região do Crescente Fértil no Oriente Médio. Esses achados corroboram evidências arqueológicas sobre o comércio entre essas duas áreas na antiguidade.

As condições dos ossos também oferecem novos insights sobre sua vida. Ele aparentava estar na faixa dos 60 anos — considerado idoso para a época — e apresentava sinais de artrite. Marcas nos esqueletos indicam que ele pode ter passado longos períodos sentado no chão duro, com pernas e braços estendidos e cabeça baixa. O desgaste em seu pé direito sugere hábitos específicos relacionados ao trabalho.

Hipóteses

A equipe de pesquisadores, após analisar pinturas tombais de trabalhadores egípcios antigos, levantou a hipótese de que ele poderia ter sido um oleiro ou desempenhar outra função artesanal similar. A roda de oleiro foi introduzida no Egito vinda do Crescente Fértil por volta de 2500 a.C., sendo utilizada frequentemente com estabilização por um pé. No entanto, o sepultamento em uma tumba de classe relativamente alta antes da adoção da mumificação artificial é considerado incomum para alguém dessa ocupação.

Joel Irish, professor de antropologia e arqueologia na Liverpool John Moores University, observou que as marcas nos ossos eram mais compatíveis com o trabalho de um oleiro; embora também pudesse estar envolvido na confecção de cestos ou outras atividades no chão. "É curioso que esse homem tenha sido encontrado dentro de um vaso. Isso por si só é estranho. Ele foi colocado em uma tumba relativamente rica e nem todos têm esse privilégio," afirmou.

A pesquisa publicada na revista Nature destaca quais tumbas podem conter restos mortais suficientemente bem preservados para fornecer grandes quantidades de DNA. Os pesquisadores agora planejam examinar mais esqueletos em coleções britânicas para obter uma compreensão mais abrangente da história genética dos egípcios antigos.

Skoglund concluiu: "Haverá mais indivíduos dos quais podemos obter DNA e isso nos permitirá construir um registro genético público da antiga sociedade egípcia".

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
icon_WhatsApp
icon_facebook
icon_email
PUBLICIDADE
Confira também