Wadi al-Hitan, o impressionante Vale das Baleias do Egito

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Muito antes que as pirâmides fossem erguidas por ordem dos faraós, o território que hoje conhecemos como Egito era o lar de imensas criaturas marinhas que nadavam em um oceano onde hoje só há areia.
Vestígios dessa era podem ser encontrados no sítio paleontológico de Wadi al-Hitan, conhecido como Vale das Baleias, que está localizado a cerca de 160 quilômetros a sudoeste do Cairo, no coração do Deserto Ocidental.
Considerado um dos locais mais impressionantes do mundo para o estudo da vida pré-histórica, o vale de 195 quilômetros quadrados é reconhecido como Patrimônio Mundial da UNESCO.
Cemitério de baleias
Como destaca o portal National Geographic, ao contrário da efervescência histórica do Cairo ou do magnetismo turístico do Vale dos Reis, Wadi al-Hitan é silencioso e estéril. Não há sinais de vida atual — nem água, nem árvores, nem casas, apenas areia dourada se estendendo em todas as direções.
Sob ela, porém, repousa um precioso tesouro: de fragmentos de ossos espalhados a vértebras do tamanho de blocos de concreto, o local abriga um verdadeiro cemitério de baleias. Entre os restos mortais, destaca-se um enorme esqueleto de cetáceo bem preservado deitado na areia.

"Quando os cientistas descobriram essa criatura, eles pensaram que se tratava de um réptil marinho gigantesco", disse Hesham Sallam, paleontólogo chefe do Wadi al-Hitan. "Então eles o chamaram de Basilosaurus, que significa 'lagarto rei'. Foi só mais tarde que eles perceberam que na verdade é uma baleia antiga."
Evolução
Durante o final do período Eoceno, entre 37 e 40 milhões de anos atrás, o que hoje é deserto era um oceano raso chamado Tétis. Ali nadavam baleias primitivas como o Basilosaurus e o Dorudon, cujos fósseis agora estão preservados na areia egípcia.
De acordo com a fonte, o local guarda pistas essenciais para desvendar um dos maiores mistérios da evolução: como mamíferos terrestres se transformaram nos gigantes aquáticos que conhecemos hoje.
Quando você para pra pensar, é bizarro que as baleias sejam mamíferos que respiram ar, mas vivem no oceano", diz Sallam.
"Os cientistas levantaram a hipótese de que eles devem ter se originado em terra, mas depois entraram na água e evoluíram para os gigantes que conhecemos hoje, perdendo as pernas no processo. Mas por décadas eles não tiveram provas."

Museu subterrâneo
Uma peça chave para responder a essa questão está no pequeno museu subterrâneo de Wadi al-Hitan. Lá, entre crânios imensos com dentes afiados, encontra-se uma das descobertas mais intrigantes da paleontologia: um par de patas traseiras minúsculas, com ossos da coxa, da canela, tornozelos e pequenos pés de palito — estruturas essas pertencentes a uma baleia que um dia habitou a terra.
Inúteis para locomoção, essas patas descobertas em 1989 são o elo que conecta os cetáceos modernos aos seus ancestrais terrestres.
"É como ser capaz de ver a evolução a olho nu e tocá-la com a mão", afirma Hesham Sallam, paleontólogo-chefe do local. "Você tem que ter cuidado por onde anda, porque há fósseis por toda parte e você nunca sabe que nova descoberta pode estar sob seus pés."
Em mais de um século de trabalho arqueológico, cerca de mil espécimes já foram identificados na região, o que faz do Vale das Baleias o maior "cemitério" de baleias do mundo.


