'Castelo Deserto': Descoberta cabeça de ponte romana inédita na Áustria

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Arqueólogos na Áustria anunciaram a descoberta da primeira cabeça de ponte romana confirmada no país, localizada nas planícies aluviais do rio Danúbio, nas proximidades do sítio arqueológico conhecido como "Schloss de Ödes", próximo a Stopfenreuth, na região da Baixa Áustria.
A descoberta histórica, conduzida pela Academia Austríaca de Ciências (ÖAW) e pelo Parque Arqueológico de Carnuntum, lança nova luz sobre a complexa rede de defesa e controle territorial do norte do Império Romano.
Durante décadas, as imponentes muralhas de pedra no local, tradicionalmente chamadas de "Castelo Deserto", intrigaram estudiosos. Havia especulações sobre sua origem: seria um castelo medieval? Uma fortificação otomana? Ou algo mais antigo?
Escavações recentes eliminaram as dúvidas: trata-se de um forte romano de cabeça de ponte, construído para proteger travessias fluviais estratégicas e monitorar a movimentada rota comercial do Danúbio, incluindo o trecho da antiga Rota do Âmbar.
"Essa descoberta é crucial para entendermos a presença romana além do Danúbio, uma fronteira natural do império", explicou Christian Gugl, arqueólogo-chefe da pesquisa.
Segundo ele, as evidências coletadas — como selos em tijolos das legiões 14 e 15 Apollinaris, moedas e cerâmicas — confirmam o uso militar do local e seu vínculo direto com a fortaleza de Carnuntum, situada a apenas quatro quilômetros dali.

O forte de Stopfenreuth foi erguido em duas fases principais: a primeira por volta de 170-180 d.C., durante as Guerras Marcomânicas sob o imperador Marco Aurélio; a segunda cerca de 80 anos depois, durante o reinado do imperador Galieno.
As muralhas, que chegaram a atingir 2,65 metros de altura, estão surpreendentemente bem preservadas, o que aumenta o valor arqueológico da descoberta.
Outra finalidade
Além de seu significado histórico-militar, a escavação também está alimentando pesquisas ambientais e geológicas. Em parceria com a Universidade BOKU e a Universidade de Viena, arqueólogos coletaram amostras de sedimentos da planície de inundação do Danúbio.
Segundo o 'Archaeology News', esses dados estão permitindo reconstruir os padrões fluviais da região desde antes do século 16, oferecendo uma visão mais ampla sobre como o rio moldou estratégias de assentamento e defesa ao longo do tempo.
"A descoberta desse forte e de outros possíveis postos avançados do lado norte do Danúbio muda radicalmente nossa compreensão sobre os Limes romanos e a extensão real da influência de Roma nessa região", concluiu Gugl.


