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'Eu era o cara errado': Paulo Coelho relembra prisão e tortura no DOPS
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'Eu era o cara errado': Paulo Coelho relembra prisão e tortura no DOPS

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Aventuras Na História
25/07/2025 20h00
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©Getty Images
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Paulo Coelho, o autor brasileiro mais traduzido e um dos escritores mais vendidos do mundo, quebrou o silêncio autoimposto desde a pandemia para uma entrevista reveladora à Rolling Stone Brasil.

Em meio ao sucesso da série 'Raul Seixas: Eu Sou', da Globoplay, que resgata a trajetória do icônico cantor e sua parceria com Coelho, o escritor foi transportado de volta a um dos momentos mais sombrios de sua vida: sua prisão e tortura pelo DOPS, durante a ditadura militar.

"Fui preso por engano", revela Coelho. "Me confundiram com um militante do Partido Comunista chamado Paulo Coelho Pinheiro. Eu sou Paulo Coelho de Souza. Naquela época, eu só pensava em sexo, drogas e rock and roll. Política não fazia parte da minha vida".

A detenção, segundo ele, ocorreu após acompanhar Raul Seixas até o DOPS, sem imaginar que sairia dali como prisioneiro. "Eles disseram que não estavam atrás do Raul, mas sim do parceiro dele — e esse parceiro era eu", conta. A série, que ele elogia pela fidelidade com que retrata os anos de parceria com Raul, erra apenas em um ponto:

Quando saí da prisão, não fui para a casa do Raul. Eu fui para a casa dos meus pais. Na vida real, todo mundo sumiu naquela época".

Paulo relembra com clareza os dias em que ficou detido. "Me torturaram. Escrevi até um texto para o Washington Post, contando em detalhes. Eles não queriam uma confissão, queriam me dar um susto. E conseguiram. Eu dizia que ia confessar o que quisessem, só queria que parassem".

O que o salvou foi justamente a descoberta de que se tratava de uma pessoa diferente da que os agentes procuravam. A confusão foi confirmada anos depois, durante uma pesquisa do jornalista Jotabê Medeiros para a biografia 'Não Diga Que a Canção Está Perdida', que identificou o verdadeiro militante com nome semelhante ao de Coelho.

Sentimento

Apesar da violência vivida, Paulo não guarda mágoas — nem mesmo de Raul, com quem nunca mais se reencontrou após a prisão. "Eu não acho que ele me entregou, como algumas biografias sugerem. Não tenho rancor. Não tenho saudade, porque vivi tudo intensamente. Não há pendências".

A série que reacendeu o interesse pelo passado do escritor também o emocionou profundamente. "Assisti de uma vez só. No fim, comecei a chorar. A empregada que estava em casa me perguntou por que eu chorava, e eu disse: 'Porque acabei de ver a série'. Foi muito fiel. Fiquei tocado de verdade".

Paulo se disse particularmente impactado com a atuação de João Pedro Zappa, que o interpreta na série. "Achei que fosse inteligência artificial, de tão parecida que é a voz. Os gestos, o jeito de falar... fiquei impressionado".

Atualmente

Hoje, aos 77 anos, morando em Genebra com a esposa, a artista plástica Christina Oiticica, o autor de 'O Alquimista' vive uma vida discreta, mas continua sendo lido em quase 90 línguas, em mais de 170 países. Quando perguntado se gostaria de ver sua própria história contada em uma série, ele hesita. "Ah, cara…", responde, deixando a possibilidade em aberto.

Para um homem que já percorreu o Caminho de Santiago e viveu ao lado de lendas como Raul Seixas, o passado é algo que se honra, mas não se carrega. "Tudo que vivi, vivi com intensidade. Não deixei nada pela metade. E por isso, não tenho saudade. Apenas sigo em frente". Leia a entrevista completa à Rolling Stone Brasil clicando aqui!

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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