Fuga de Alcatraz: Conheça a história dos três únicos homens que fugiram da prisão

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No último domingo, 4, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, chamou atenção ao escrever em suas redes sociais que seu governo reabriria e expandiria a prisão de Alcatraz.
Fechada há mais de 60 anos, ela ficou famosa no imaginário popular como um local que abrigaria os criminosos mais perigosos dos Estados Unidos, localizada em uma ilha de difícil acesso e com águas revoltosas ao redor, e, por isso, praticamente impossível de se escapar. Pelo menos, é o que se pensava até 1962.
Originalmente, Alcatraz era um forte de defesa naval que protegia a entrada da baía, e durante a Guerra Civil Americana tornou-se uma prisão de confederados capturados. Foi somente no início do século 20 que ela foi reconstruída como uma prisão militar.
A partir da década de 1930, os Estados Unidos lutava contra o crime organizado durante a Lei Seca, e o Departamento de Justiça assumiu o controle da prisão. Por lá, passaram detentos famosos como os gangsteres Al Capone, Mickey Cohen e George "Machine Gun" Kelly, além do assassino Robert Stround, mais conhecido como "Homem-Pássaro de Alcatraz".
Porém, no dia 12 de junho de 1962, três homens protagonizaram o que ficou lembrado como a única tentativa de fuga (possivelmente) bem-sucedida de Alcatraz. Eles eram os irmãos Clarence e John William Anglin, e Frank Lee Morris.

Prisão opressora
Nascido em setembro de 1926, Frank Lee Morris ficou órfão com apenas 11 anos, e passou a maior parte de sua vida entrando e saindo de unidades correcionais. Foi condenado por seu primeiro crime aos 13 anos, e era considerado altamente inteligente, e um criminoso experiente, com uma ficha criminal que passava por posse de drogas a assalto à mão armada, e até mesmo fuga de prisões.
Ele foi enviado para Alcatraz em janeiro de 1960, após ter conseguido escapar da Penitenciária Estadual da Louisiana. Em seu mesmo bloco de celas, também estavam os irmãos John William e Clarence Anglin, condenados por assaltos a branco, e Allen West, que já estava preso desde 1957.
Uma curiosidade é que estes homens já se conheciam, por passagens em prisões juntos, mas em Alcatraz estavam em celas adjacentes, de forma que conseguiam conversar uns com os outros à noite.

Plano
Segundo a BBC, Morris foi quem assumiu a liderança do grupo no plano de fuga de Alcatraz. Ao longo de vários meses, o quarteto cinzelou o concreto do presídio, que já estava bastante danificado pelo sal que passava pelas saídas de ar de suas pias, utilizando colheres de metal roubadas do refeitório, uma furadeira improvisada feita com motor de aspirador de pó, e lâminas de serra descartadas.
Para quem se pergunte como o barulho de uma furadeira com motor era abafado durante as escavações, esse utensílio só era utilizado no horário diário reservado à música aos prisioneiros. Nesses momentos, Morris passava seu tempo tocando sua concertina — uma espécie de sanfona.
Depois que o grupo conseguiu criar um buraco na parede grande o suficiente para rastejarem até o corredor, subiram até o andar superior, em um bloco vazio de celas, e montaram uma oficina secreta. Quanto aos buracos, eles conseguiram disfarçar, criando falsas paredes de papel machê com revistas que pegaram da biblioteca da prisão.
Na oficina, eles começaram a trabalhar para criar um bote inflável de borracha improvisado, com apenas 1,8 metros por 4,2 metros, remos com madeira compensada e alguns coletes salva-vidas que fizeram com capas de chuva roubadas. Eles selavam a borracha usando o calor de tubos de vapor da própria prisão, enquanto a concertina de Morris era uma ótima ferramenta para inflar o bote.
E o plano era meticulosamente pensado: como todo o processo levou algum tempo, enquanto trabalhavam, os homens usavam cabeças de papel machê que esculpiram com sabão, pasta de dente e papel higiênico em suas celas, para enganar os guardas que faziam verificações noturnas.
Eles até mesmo as fizeram mais realistas, usando cabelos de verdade que pegaram do chão da barbearia da prisão, e as pintaram com materiais de arte roubados. E por fim, as colocavam em suas camas, com trouxas de roupas e toalhas sob os cobertores, para o formato de seus corpos "dormindo".

Além disso, enquanto trabalhavam em seus equipamentos de fuga, também buscavam uma saída garantida: que encontraram após subirem quase 10 metros utilizando encanamento como degraus, e forçar a abertura de um ventilador no topo de um poço. Eles arrancaram a peça, e colocaram um parafuso falso de sabão apenas para mantê-lo no lugar, mas que seria facilmente removível.
Fuga
Finalmente, na noite de 11 de junho de 1962, os homens decidiram colocar o plano em ação. Pela última vez, eles deixaram as cabeças de boneco em suas camas para enganar os guardas, e Morris e os irmãos Anglin rastejavam para fora dos buracos de suas celas — West, por sua vez, não conseguiu escapar de sua cela a tempo, e por isso os demais partiram sem ele.
O trio subiu até o telhado da cela, e correram por ele carregando o barco improvisado. Deslizaram por um cano de esgoto externo, atravessaram o pátio da prisão, escalaram duas cercas de arame farpado com 3,7 metros de altura, desceram um grande barranco íngreme até a costa da ilha e, na beira da água, inflaram o barco. O que lhes restava agora era o desafio da própria natureza da região.
O alarme da prisão só foi acionado na manhã seguinte, quando as celas foram abertas e as cabeças foram descobertas. A prisão entrou em um completo lockdown, e buscas intensivas ocorreram por todos os prédios, inclusive nas acomodações dos agentes penitenciários. E todo o caos se devia à mera certeza de que era impossível fugir de Alcatraz sendo destruída.

Os primeiros sinais só foram encontrados no dia 14 de junho, quando a Guarda Costeira encontrou um dos remos, e um pacote com os pertences pessoais dos Anglins, lacrado em borracha. Uma semana depois, restos do bote improvisado foram encontrados próximos à Ponte Golden Gate, e no dia seguinte, um dos coletes salva-vidas foi descoberto. Sobre os três homens, porém, nunca houve nenhum sinal.
Caso inconclusivo
Certamente, os três homens conseguiram escapar da prisão e chegaram até a água, porém, as autoridades acabaram concluindo que eles morreram na água ao tentar deixar a ilha, em vez de sobreviver para chegar ao continente.
"Sim, faltam alguns, mas eles não estão se gabando disso. Em outras palavras, presume-se que todos aqueles que faltam se afogaram no procedimento. Não há, que saibamos, ninguém andando pelas ruas hoje se gabando de ter escapado de Alcatraz", disse o diretor da prisão, Richard Willard, à BBC em 1964. "Por que tenho tanta certeza? Você ouve o vento, não ouve? E vê a água? Acha que conseguiria?"

Em 1963, apenas um ano após a fuga, Alcatraz foi fechada como prisão devido à deterioração de sua estrutura e ao custo elevado de sua administração, isso além de outras controvérsias sobre seu regime, que iam de frente à preocupação de reabilitar presos, em vez de apenas puni-los.
Já sobre os três fugitivos, eles foram declarados legalmente mortos em 1979, mas a verdade é que nenhum corpo foi encontrado na baía e em lugar algum, além de nenhum indício de que estivessem vivos. Mas especulações sobre o que pode ter acontecido nunca deixaram de correr, além de supostos relatos de avistamentos e mensagens deles.
Uma história curiosa repercutiu em 2018, quando a polícia de São Francisco revelou ter recebido uma carta misteriosa em 2013 de um homem que dizia ser John Anglin. Na carta, estava escrito "eu escapei de Alcatraz em junho de 1962. Sim, todos nós conseguimos naquela noite, mas por pouco!", e que eles conseguiram sobreviver em segredo; mas Morris teria morrido em outubro de 2005, e Clarence em 2008. O que o autor da carta queria era negociar sua rendição em troca de um tratamento contra o câncer, mas nada comprovou que ela fosse autêntica.
Fuga de Alcatraz
Em 11 de junho de 1962, Frank Lee Morris e os irmãos John William e Clarence Anglin realizaram um feito até então inédito: escaparam da temível prisão de Alcatraz, localizada em uma ilha remota e de difícil acesso, e considerada impossível de se escapar. Até hoje, o caso continua em aberto, e não se sabe se eles realmente escaparam com sucesso, ou se morreram na tentativa.


