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Heróis por acaso: Ficção histórica debate dilemas brasileiros na Segunda Guerra
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Heróis por acaso: Ficção histórica debate dilemas brasileiros na Segunda Guerra

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Aventuras Na História
18/05/2025 16h00
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No último mês, foi publicado pela Editora Record o novo livro 'Heróis por acaso: espionagem no Brasil durante a Segunda Guerra Mundial'. Escrito por Paulo Valente, o livro é uma excelente escolha a quem tenha interesse por histórias de espionagem, ainda mais mesclando realidade e ficção em uma narrativa eletrizante sobre o Brasil na Segunda Guerra Mundial e um dos episódios mais relevantes da geopolítica do século 20.

Economista e escritor, Paulo Gurgel Valente também é conhecido por ser filho da famosa escritora Clarice Lispector, e já publicou outras ficções históricas antes, como 'Lealdade a si próprio' (2014), sobre história de filhos de imigrantes alemães, japoneses e italianos que, quando o Brasil entrou na Guerra contra o Eixo, ficaram divididos entre lutar pelo país que os acolheu ou manterem-se fiéis às suas origens; e 'A morte do embaixador russo', ambientada no Brasil durante a Guerra Fria.

E agora, em 'Heróis por acaso', volta a misturar fato e ficção em uma moldura histórica hiper-realista, que envolve planos ultrassecretos, aventuras mirabolantes, tentativas de assassinato e, como o título completo sugere, espionagem.

Tudo isso em uma história dividida em duas partes, para tentar situar — ou, pelo menos, imaginar — alguns detalhes pouco explorados e conhecidos sobre como era o Brasil e sua influência e participação durante a Segunda Guerra Mundial.

Capa do livro 'Heróis por acaso' e o autor, Paulo Gurgel Valente / Crédito: Divulgação/Amazon / Reprodução/LinkedIn

O Brasil de Getúlio Vargas não se decidia de que lado ficava, se apoiava os aliados ou o eixo, pois no governo Vargas havia pró americanos e partidários do nazismo", explica Paulo Valente em entrevista exclusiva à Aventuras na História.

Foi somente após o ataque japonês em Pearl Harbor, continua o autor, que "o Brasil rompeu relações com o eixo, mas não declarou guerra ainda. A guerra foi declarada em agosto de 1942 por Getúlio, pela pressão popular por centenas de brasileiros que morreram no afundamento de navios por submarinos alemães e italianos".

Lealdade a si próprio

Na primeira parte do livro, "Lealdade a si próprio", Paulo Valente oferece ao leitor histórias (ficcionais) como a de Rodolfo Moss, primo de Albert Einstein e judeu que vive no Brasil, mas que acidentalmente descobriu um plano nazista para explodir a Usina de Cubatão.

Nessa trama, o narrador pouco a pouco mistura e encaixa as peças do mistério, exemplificando dramas reais de pessoas que ficaram divididas entre sua pátria-mãe e o país que os acolheu no período de guerra, bem como a participação de multinacionais em planos de sabotagem.

Durante a guerra, "as grandes companhias fornecem material bélico e de apoio, no livro há exemplos das alemãs Bayer, Telefunken; o carro de Adolf Hitler era um Mercedes e ele mesmo criou a Volkswagen, todas com presença no Brasil na época da guerra. [...] Há exemplos italianos, japoneses, americanos e de muitas outras nacionalidades", segundo Paulo Valente.

Adolf Hitler observando miniatura de carro da Volkswagen / Crédito: Getty Images

"Imagine um filho de alemão morando no Rio Grande do Sul em 1942, em cidade que só se falava alemão? De que lado ele fica quando se declara uma guerra entre Brasil e Alemanha? O mesmo com italianos e japoneses, não sabem a quem devem lealdade, ao país de origem ou ao país que os acolheu, aí decidem pela lealdade a si próprio, cada um por si", comenta o autor, em e-mail.

Felix Becker

Já a segunda parte do livro, "Felix Becker", o leitor é levado a outro continente, agora para acompanhar o brasileiro Felix Becker, que trabalhava como recruta convocado pelo exército alemão, que foi designado para servir na mansão em que ocorreu a Conferência de Wannsee.

Esta foi uma verdadeira reunião que ocorreu em janeiro de 1942 no subúrbio de Wannsee, em Berlim, na qual membros superiores do governo da Alemanha nazista e líderes da SS planejaram a chamada "Solução Final para a Questão Judaica" — um dos mais brutais e absurdos documentos da história, que previa o assassinato de 11 milhões de judeus na Europa.

Foi preciso introduzir um personagem brasileiro na Conferência de Wannsee, já que o livro procura motivar o leitor brasileiro e assim interessá-lo pelo documento mais sombrio da história, todos precisam saber desta verdade", comenta Paulo Valente.

Vale mencionar ainda que, neste livro, temos pela primeira vez a tradução para o português da ata da Conferência de Wannsee. E com uma série de reviravoltas, a narrativa segue até o julgamento de Adolf Eichmann — secretário-geral e autor da ata, que fugiu para a Argentina —, em Jerusalém.

Adolf Eichmann durante julgamento / Crédito: Getty Images

Importância atual

Quando questionado sobre o que o motivou a buscar contar essas histórias, o autor reforça a importância de se compreender as questões geopolíticas contemporâneas: "A guerra territorial nunca deixou de existir, é o caso da Segunda Guerra e da invasão da Ucrânia pela Rússia e os conflitos do Oriente Médio também", opina. "É claro que há questões ideológicas e políticas envolvidas também".

Por isso, 'Heróis por acaso' não é apenas uma mera ficção, mas também um lembrete de como "a história não se repete, continua sempre com outros personagens, e a maldade humana não tem limites", conclui Paulo Valente.


Heróis por acaso

Novo livro de Paulo Valente, 'Heróis por acaso: espionagem no Brasil durante a Segunda Guerra Mundial' é uma narrativa eletrizante que mistura ficção e história para falar sobre os planos de espionagem nazista no Brasil em meio ao maior conflito da história da humanidade, além da Conferência de Wannsee, reunião em que líderes nazistas planejaram a ata da "Solução Final para a Questão Judaica".

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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