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Os relatos do neto de homem que tentou matar Hitler: "Jamais foi simpático aos nazistas"
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Os relatos do neto de homem que tentou matar Hitler: "Jamais foi simpático aos nazistas"

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Aventuras Na História
20/07/2025 16h00
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©Getty Images
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Entre 1939 e 1945, o mundo presenciou o maior conflito armado já visto até hoje, envolvendo a maioria das nações do mundo: a Segunda Guerra Mundial. De um lado, estavam os Aliados (liderado pelos Estados Unidos e o Reino Unido, juntamente à extinta União Soviética), e do outro o Eixo (Alemanha, Itália e Japão), com um destaque especial à figura que ficou eternizada como o grande vilão do período, Adolf Hitler.

O principal motivo para a guerra foi a expansão agressiva do regime nazista alemão, liderado por Hitler, que buscava uma espécie de "revanche" devido às condições a que a Alemanha foi submetida após a derrota na Primeira Guerra Mundial, criando assim um vasto império. O estopim da guerra foi a invasão da Polônia pela Alemanha em 1939, que levou à declaração de guerra por parte de França e Reino Unido.

Tropas nazistas durante a invasão à Checoslováquia / Crédito: Getty Images

Além disso, outro aspecto muito notório desse período é o antissemitismo e a perseguição e genocídio sistemático de judeus realizada pelos nazistas, o chamado Holocausto, que vitimou pelo menos 6 milhões de judeus (além de outras minorias). Ao todo, estima-se que, de todas as nações, incluindo militares e civis, entre 70 e 85 milhões de pessoas morreram no conflito, incluindo não só a Europa, como também a Ásia e até as Américas.

Como sabemos hoje, o Eixo acabou sendo derrotado, e a guerra chegou ao fim oficialmente no dia 2 de setembro de 1945, já posteriormente à morte de Hitler. E com a iminência de uma derrota inevitável, até mesmo os alemães estavam se voltando contra o Führer, que sofreu várias tentativas de assassinato.

Adolf Hitler / Crédito: Getty Images

Entre essas tentativas, certamente aquela que merece maior destaque, sendo a que chegou mais perto de tal feito, foi a famosa Operação Valquíria, que ocorreu há exatos 81 anos. Conheça!

Atentado ao Führer

Era 20 de julho de 1944 quando um coronel alemão de 37 anos, Claus von Stauffenberg, quase adiantou o fim da guerra em mais de um ano. Ele, que inclusive havia participado da invasão à Polônia, neste momento já havia perdido a mão direita, dois dedos na esquerda e um olho em batalhas no norte da África — e era um dos alemães que queriam logo o fim da guerra.

Naquela noite, durante uma reunião em que o próprio Führer estava no quartel-general Wolfsschanze, uma localidade secreta de Hitler na Prússia Oriental, Stauffenberg entrou atrasado na sala, pousou uma maleta embaixo da mesa de mapas — a pouco mais de 2 metros do líder nazista —, e saiu da sala.

Nesta maleta havia uma série de explosivos plásticos ligados a um fusível ácido. E apenas cinco minutos após Stauffenberg deixar a sala, a maleta explodiu a mesa e reduziu parte da sala a escombros. Simplesmente por conseguir colocar o explosivo no local e sair antes da detonação, a missão havia sido um sucesso.

Fotografia de Claus von Stauffenberg / Crédito: Getty Images

No entanto, o resultado foi certamente surpreendente: das 24 pessoas presentes na sala, 18 ficaram feridas gravemente e quatro morreram. Mas, justamente um dos dois que ficaram levemente feridos foi Hitler, que só sofreu um pequeno corte no cotovelo, escoriações leves na mão esquerda e alguns estilhaços de madeira nas pernas.

Pensando que Hitler havia morrido após escutar a explosão, Stauffenberg declarou aos oficiais que sua força de comando estava assumindo o governo alemão. A surpresa veio quando, à 1 da madrugada daquela noite, Hitler surgiu em uma cadeia de rádio anunciando:

Uma pequena súcia de oficiais idiotas, ambiciosos, inescrupulosos e, ao mesmo tempo, criminosos, planejou eliminar-me. É um pequeno bando que agora vai ser destruído impiedosamente".

Retaliação

A ameaça feita pelo Führer foi cumprida à risca, e implacavelmente. Stauffenberg e três outros conspiradores foram fuzilados já nas primeiras horas do dia seguinte, e nos dias posteriores cinco mil pessoas ligadas à conspiração foram presas, e mais 200 foram executadas — a maioria estrangulada.

Mesmo sendo alemães e não-judeus, as famílias destes conspiradores também foram capturadas e confinadas em campos de concentração. Nisso, a então viúva de Stauffenberg, Nina, foi presa; e foi ainda nessa condição que, em janeiro de 1945, deu à luz sua quinta filha, Konstanze — que é mãe do economista e ator Philipp von Schulthess, que inclusive fez uma participação no filme 'Operação Valquíria', de 2008, em que seu avô é representado por Tom Cruise. Philipp já deu uma entrevista exclusiva à Aventuras na História em 2019.

Tom Cruise como Claus von Stauffenberg / Crédito: Reprodução/MGM

Minha avó soube pelo rádio que houve um atentado, que Hitler sobreviveu e que meu avô foi o autor", comentou.

Ele conta também que a avó não sabia que ele cometeria o atentado, e que a última vez que eles se viram, e se despediram, foi apenas alguns dias antes, quando ela partiu com as crianças para a casa dos sogros, impedida de permanecer em sua própria casa por Stauffenberg, visto que ela também fazia parte da conspiração por conhecer outros envolvidos e ajudar a queimar documentos, embora não soubesse dos detalhes.

"Estava consciente de que era uma questão de horas até que viessem buscá-la. E assim aconteceu. Levaram-na para uma prisão da Gestapo, onde a mantiveram isolada durante semanas para interrogá-la. Segundo minha avó, foi terrível, principalmente porque não tinha ideia do que havia acontecido com o resto da família. A maioria foi presa. As crianças, mandadas para um orfanato com outro sobrenome. Heinrich Himmler [líder da SS] disse: 'Vamos acabar com a família Stauffenberg até o último membro'", continuou Schulthess.

"Depois, ela foi mandada para um campo de concentração. Como estava grávida de minha mãe, recebeu alimentação especial e foi tratada relativamente bem. Mas, pela janela, podia observar como as outras mulheres viviam. Sua própria mãe morreu nesse campo. Para minha avó, foi importantíssimo estar grávida porque, assim, quis sobreviver pelo bebê. Ela havia prometido a meu avô que faria todo o possível para sobreviver e cuidar das crianças. E essa promessa foi seu principal mandamento".

Traidor dos nazistas?

Quando questionado sobre como era a relação do avô com Hitler e com os nazistas nos anos anteriores ao atentado, Philipp von Schulthess diz acreditar que "ele jamais foi simpático aos nazistas. Nunca teria entrado no partido nacional-socialista, porque conflitava com seus ideais".

"Existem fontes que dizem que ele falou dois anos antes do atentado: 'Não é possível encontrar nenhum oficial no quartel-general que mate o porco com uma pistola?' Certamente se sentiu obrigado a seguir seu juramento militar. Meu avô era um oficial de corpo e alma. Mas seu caráter aparentemente não era todo militar. E, alguns anos depois, mostrou sua consciência e abandonou o juramento. Acho que ele tinha esse lado já em 1939", conclui o ator.

Philipp von Schulthess e antiga fotografia de Claus von Stauffenberg / Crédito: Getty Images / Domínio Público

Fato é que, embora esta e outras tentativas de assassinar Hitler tenham falhado, ele não viveu muito depois disso. Ao contrário do que se espera, a morte do Führer aconteceu quando ele mesmo quis, no dia 30 de abril de 1945, depois que ele se envenenou com cianeto e ainda deu um disparo em sua própria cabeça no interior de seu aposento no bunker em que se escondia na ocasião, o Führerbunker, em Berlim. Já Nina, a viúva de Stauffenberg, morreu muito depois, em 2006, aos 92 anos.

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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