Do que se alimentavam os maiores dinossauros do mundo? Novo estudo revela

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Um novo estudo realizou análises dentárias em fósseis de antigos saurópodes — os maiores dinossauros que já viveram, conhecidos pelos pescoços compridos — e, finalmente, revelou em mais detalhes como era a dieta de diferentes espécies destes animais. Além de descobrir do que as criaturas se alimentavam, o estudo, que investigou marcas microscópicas de desgaste no esmalte dos dentes conservados, também descreveu quais eram as características dos ecossistemas em que viviam.
Conforme repercute a Revista Galileu, os saurópodes eram grandes herbívoros que viveram na Terra até o fim do período Cretáceo, há cerca de 66 milhões de anos. Havia diferentes espécies destes dinossauros de pescoço alongado, que podiam medir até 20 metros de altura e 40 metros de comprimento, como era o grandioso argentinossauro (Argentinosaurus huinculensis).
Para a nova pesquisa, publicada na revista científica Nature Ecology and Evolution, os pesquisadores observaram os dentes de 39 saurópodes encontrados em diferentes regiões do planeta, incluindo Portugal, Estados Unidos e Tanzânia. Datadas de cerca de 150 milhões de anos, as amostras passaram por varreduras 3D para detalhar o esmalte dos dentes.
"Estamos falando de estruturas na escala do micrômetro (um milionésimo de metro)", explicou a coautora do estudo, Daniela Winkler, à Cosmos. "Essas pequenas marcas de desgaste resultam da interação entre o dente e o alimento — elas revelam o que os animais comeram nos últimos dias ou semanas de vida".
Diferentes dietas
Fato é que todos os saurópodes tinham uma alimentação herbívora; porém, obviamente, o que lhes servia de alimento acabava variando de acordo com a disponibilidade e com a região em que estes grandes animais viviam.
Uma das descobertas foi que espécies de camarassauros — encontrados tanto nos Estados Unidos quanto em Portugal — apresentam padrões de desgaste pouco variados. Emanuel Tschopp, coautor do estudo, pontua que, como o clima destas regiões é altamente sazonal, e como certas plantas não eram disponíveis o ano todo, possivelmente estes dinossauros se alimentavam das mesmas plantas, e por isso pode ser que apresentassem comportamentos migratórios.
Enquanto isso, no caso dos dinossauros diplodocóides, os saurópodes com caudas alongadas, o desgasta nos dentes tinha padrões bastante variados, sugerindo que essas espécies tinham uma alimentação mais diversificada e, com isso, provavelmente uma migração mais limitada.
Já no caso dos titanossauros encontrados na Tanzânia, os pesquisadores descrevem desgastes intensos e complexos no esmalte dos dentes, que pode indicar a presença de elementos abrasivos na região em que viviam e nas plantas que comiam, como areia em ambientes de clima semiárido.
Por fim, os cientistas destacam que, com a melhoria das análises dos dentes de dinossauros, mais estudos descrevendo o comportamento dos grandes colossos que habitaram a Terra no passado podem ser possíveis. "O que me entusiasma é que podemos continuar refinando esse método — e a cada nova amostra adicionamos mais uma peça ao quebra-cabeça. Nossas ferramentas estão melhorando — assim como nosso entendimento sobre como realmente a vida era naquela época", conclui Winkler.



