Serviço de Saúde testa sangue artificial em humanos pela primeira vez
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O NHS (Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido), equivalente ao SUS, iniciou pela primeira vez testes em humanos com sangue artificial produzido em laboratório.
A pesquisa, ainda em fase experimental, busca alternativas para reduzir a dependência de doações de sangue, especialmente para pessoas com tipos sanguíneos raros ou que necessitam de transfusões frequentes. Desenvolvido a partir de células-tronco, o sangue artificial segue um processo que imita o que ocorre naturalmente no corpo humano.
Como foi feito?
As células-tronco, colocadas em uma solução nutritiva criada pelos cientistas, são estimuladas a se multiplicar e a se transformar em hemácias — os glóbulos vermelhos responsáveis pelo transporte de oxigênio. Após 18 a 21 dias, as células são filtradas e infundidas nos voluntários.
O estudo clínico prevê transfundir ao menos dez participantes em duas etapas: uma com hemácias naturais e outra com as artificiais. O objetivo é comparar o desempenho e a durabilidade das células produzidas em laboratório com as hemácias jovens e maduras de uma transfusão tradicional.
Estudos iniciais indicam que as hemácias artificiais podem ter até maior longevidade que as naturais, que duram cerca de 120 dias.Apesar do avanço, os cientistas destacam que o projeto ainda enfrenta desafios.
O organismo humano possui mecanismos para identificar e eliminar células defeituosas”, explica à Folha de S. Paulo Fernanda Azevedo Silva, professora de hematologia da UFF, que não participa do estudo.
Ela observa que as hemácias precisam se deformar para circular pelos vasos mais estreitos — e caso as artificiais não consigam, podem ser destruídas pelo corpo.
Ainda assim, Fernanda destaca a importância do estudo. “Até hoje, não existe sangue artificial. Muitas tentativas já foram feitas, mas sem sucesso”, diz à Folha.
O NHS reforça que o desenvolvimento de novos tratamentos como esse pode levar entre 5 e 15 anos, já que a tecnologia exige muitos testes até chegar ao uso clínico.
No futuro, a tecnologia deve ser destinada a públicos específicos, como pessoas com anemia falciforme, que dependem de transfusões regulares, e pacientes com sangue raro, para os quais a doação compatível é um desafio.
A ideia é produzir hemácias a partir de células-tronco selecionadas de tipos sanguíneos raros, ajudando a reduzir a escassez. Há também, de forma ainda preliminar, a esperança de criar linhagens celulares que produzam hemácias continuamente, sem a necessidade de cultivo constante de novas células-tronco.

