Cientistas usam microrrobôs para tratar AVC; entenda a técnica revolucionária
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Quando o assunto é o acidente vascular cerebral (AVC isquêmico), não é apenas a taxa de letalidade — considerada a segunda maior do mundo — que assusta, mas ainda as complicações que impactam a vida dos sobreviventes, como a paralisia e perda de fala. Um novo tratamento, no entanto, promete reduzir os danos da doença com o uso de uma tecnologia inovadora: microrrobôs.
Método para combater o AVC
Atualmente, a técnica utilizada para remover coágulos sanguíneos, que são responsáveis por obstruir artérias e causar a morte de neurônios, apesar de vista como eficaz, apresenta limitações. Isso porque a trombectomia, como é conhecida no meio especializado, não consegue alcançar vasos pequenos, principalmente aqueles localizados em áreas mais sensíveis do corpo.
Por isso, pensando em aprimorar o método, cientistas da Universidade de Stanford desenvolveram microrrobôs capazes de acessar essas regiões e retomar a circulação do sangue. De acordo com o estudo publicado na revista ‘Nature’, a tecnologia chamada trombectomia milispinner atua comprimindo o coágulo enquanto o esfrega em movimentos circulares.
Dessa forma, consegue reduzir o tamanho dos emaranhados de fibrina, proteína que se acumula nos vasos e desencadeia a obstrução. Em seguida, os pequenos robôs aspiram os resíduos e liberam a passagem dos glóbulos vermelhos.
A partir dessa técnica, segundo a equipe, foi possível diminuir o coágulo para apenas 5% do volume original, o que permite a sobrevivência dos neurônios e o bom funcionamento cerebral. “Na maioria dos casos, estamos mais do que dobrando a eficácia da tecnologia atual. Já nos mais difíceis, conseguimos desobstruir a artéria na primeira tentativa em 90% dos casos”, explicou o coautor Jeremy Heit, em um comunicado.
Próximos passos
Outro ponto positivo, ressaltado pelos especialistas, é que a tecnologia também poderá ser utilizada no tratamento do infarto do miocárdio, da embolia pulmonar e da doença vascular periférica. Além disso, a pesquisa indicou que os microrrobôs ainda conseguem eliminar cálculos renais.
Agora, os estudiosos buscam licenciar o método para viabilizar a comercialização. Ademais, eles investigam possíveis aplicações não somente na área médica, como para fora do contexto da saúde.