Argentina divulga 1.850 documentos sobre nazistas que fugiram para o país

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A Argentina divulgou cerca de 1.850 documentos desclassificados que revelam detalhes sobre a presença de nazistas no país após o fim da Segunda Guerra Mundial.
Os arquivos, agora disponíveis ao público no site do Arquivo Geral da Nação (AGN), reúnem informações produzidas entre as décadas de 1950 e 1980 por órgãos como a Polícia Federal, a Gendarmaria Nacional, o antigo Ministério do Exército, o Ministério do Interior, o Poder Judiciário e a Secretaria de Inteligência do Estado (SIDE).
Entre os fugitivos mencionados nos documentos estão figuras centrais do regime nazista, como Josef Mengele, o médico conhecido como "Anjo da Morte", que conduziu experimentos cruéis em prisioneiros em Auschwitz e participou da seleção de vítimas para as câmaras de gás.
Também figuram nos registros Adolf Eichmann, um dos principais articuladores da logística do Holocausto, Martin Bormann, chefe da Chancelaria do Terceiro Reich, e Walter Kutschmann, oficial da SS implicado no massacre de milhares de judeus poloneses.
Embora os documentos já estivessem desclassificados desde 1992, seu acesso era restrito a consultas presenciais no AGN. Com a digitalização e restauração do material, o público agora pode consultá-lo online. Além das informações sobre os fugitivos nazistas, parte do acervo revela detalhes sobre operações nazistas em território argentino.
A medida integra uma ação mais ampla de transparência promovida pela Casa Rosada, que também liberou cerca de 1.300 decretos presidenciais até então sigilosos, emitidos entre 1957 e 2005, repercute a CNN.
Esses decretos tratam de temas diversos, como compra e venda de armamentos, alterações orçamentárias, organização dos serviços de inteligência e ações de repressão ao comunismo durante a Guerra Fria.
Josef Mengele
O Arquivo 7-3772, dedicado a Josef Mengele, reúne cerca de 400 páginas com detalhes sobre sua permanência na Argentina. Os documentos registram sua entrada no país em 1949, utilizando o nome falso de Gregor Helmut. Apenas em 1956, ele apresentou uma certidão de nascimento legalizada para assumir oficialmente sua identidade verdadeira.
Os registros incluem correspondências entre autoridades policiais e de inteligência, depoimentos de membros da comunidade alemã que afirmaram tê-lo reconhecido, além de informações sobre sua vida no país, como o casamento com Marta María Will.
Há também relatos de que teria sido visto em cidades como Mar del Plata e especulações sobre uma suposta captura por agentes israelenses em Buenos Aires, nunca confirmada.
Com o aumento da pressão internacional na década de 1950, Mengele fugiu para o Paraguai, onde obteve cidadania em 1959, durante o regime de Alfredo Stroessner. Para escapar dos caçadores de nazistas, passou a se deslocar com frequência até fixar residência no Brasil.
Segundo os documentos, viveu em áreas rurais do país e morreu afogado em 1979, em uma praia próxima à Bertioga. Sua identidade só foi confirmada anos depois, por meio de exumações e análises forenses.


