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Joelho de homem aleijado revela cuidados para deficientes na Suécia medieval
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Joelho de homem aleijado revela cuidados para deficientes na Suécia medieval

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Aventuras Na História
19/05/2025 15h07
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©Divulgação/Museu Cultural de Lund/Nelly Hercberg
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Um novo estudo arqueológico realizado no sul da Suécia revelou novos detalhes sobre como era a vida de pessoas com deficiências durante a era medieval. Para o estudo, pesquisadores da Universidade de Lund examinaram o esqueleto de um homem com uma lesão incapacitante no joelho.

Esse homem, categorizado como "Indivíduo 2399", tinha cerca de 30 anos e viveu entre 1300 e 1536 d.C.. Seu esqueleto foi descoberto em Lund, uma cidade histórica no sul da Suécia, e seu joelho esquerdo tinha uma fratura grave e luxação, em consequência a algum episódio traumático, como um coice de cavalo ou queda de objeto pesado, o que o impossibilitou de caminhar sem ajuda pelo resto de sua vida.

Para o estudo, publicado na Open Archaeology e liderado por Blair Nolan, a equipe adotou uma abordagem multidisciplinar através de análise osteológica tradicional, registros digitais de escavações, documentos históricos e modelagem 3D avançada. Vale mencionar que essa foi a primeira vez que esse método foi aplicado na região nórdica, segundo o Archaeology News.

Deduzir normas sociais relativas à deficiência física e à incapacidade a partir de textos religiosos e jurídicos é difícil porque eles apresentam uma perspectiva idealizada", contou Nolan em comunicado. "Podemos enriquecer nossa compreensão da deficiência e da identidade por meio de análises osteológicas e arqueológicas detalhadas".

Tratamento medieval

O esqueleto apresenta evidências claras de cuidados de curto e longo prazo na lesão. O indivíduo teria recebido tratamento para dor imediatamente após o ferimento — com pomadas contendo ingredientes como óleo de lavanda, ópio e álcool —, e ainda tratado repetidamente para osteomielite, uma infecção óssea dolorosa que demandava que o ferimento fosse aberto e drenado regularmente. Essas intervenções médicas por si já revelam que o indivíduo tinha acesso a recursos, e não era um homem pobre.

Além disso, seu local de sepultura atesta para o alto status que ele tinha na sociedade, visto que ele estava sobre as pedras fundamentais na base da torre de uma igreja, o que era geralmente reservado aos cidadãos mais ricos, em especial da classe burguesa. Na Suécia medieval, especificamente, a proximidade com edifícios sagrados em práticas funerárias ainda significava que aquela pessoa tinha status e respeito naquela sociedade.

Outro destaque do estudo são os textos jurídicos e religiosos da época, que forneciam um relato das atitudes sociais mais amplas com relação à deficiência. A doutrina cristão, por exemplo, era ambivalente, vendo a deficiência tanto como castigo quanto como um teste divido — porém, vale destacar que a igreja tinha um papel dominante nos cuidados, na coleta de esmolas e na administração de hospitais monásticos.

Já os códigos legais da época se mostram bastante severos. Isso porque a amputação de membros era uma punição para determinados crimes, o que criava associações entre crime e deficiência. Outro detalhe é que as deficiências eram muito baseadas em sua visibilidade: quando se podia ser escondida com cabelo ou roupa, não eram vistas como graves ou estigmatizantes.

Porém, mesmo com os preconceitos, esse indivíduo revela que, mesmo na época, ainda existia compaixão e cuidado contínuo com deficientes na sociedade medieval. O que atesta isso é a própria sobrevivência, mesmo anos após o ferimento, além do local de sepultamento, que sugere que era respeitado em sua comunidade.

Por fim, as evidências indicam que, por mais que textos teológicos e jurídicos transmitissem atitudes severas ou punitivas com relação à forma como pessoas com deficiência eram vistas, a prática social cotidiana pode ter sido mais complacente e solidária com estas pessoas — em especial quando tinham um status social mais elevado.

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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