Home
Notícias
Novo estudo reacende debate sobre quando os humanos chegaram à Austrália
Notícias

Novo estudo reacende debate sobre quando os humanos chegaram à Austrália

publisherLogo
Aventuras Na História
08/07/2025 20h45
icon_WhatsApp
icon_facebook
icon_email
https://timnews.com.br/system/images/photos/16557722/original/open-uri20250708-36-7ppp76?1752007805
©Getty Images
icon_WhatsApp
icon_facebook
icon_email
PUBLICIDADE

Um novo estudo publicado na revista Archaeology in Oceania está sacudindo um dos pilares da arqueologia australiana. Os arqueólogos Jim Allen, da Universidade La Trobe, e James O'Connell, da Universidade de Utah, propuseram que os humanos modernos não chegaram à Austrália antes de 50.000 anos atrás — uma afirmação que contradiz décadas de escavações arqueológicas e reacende um debate central sobre as origens da ocupação humana no continente.

A base do argumento? DNA antigo. De acordo com os autores, todos os humanos não africanos carregam traços de DNA neandertal, herdados de um único cruzamento que teria ocorrido entre 50.500 e 43.500 anos atrás na Eurásia. Isso significa, segundo Allen e O'Connell, que qualquer migração para a Austrália teria que ter ocorrido após esse evento genético.

Esse modelo genético se alinha, em parte, com os dados de vários sítios arqueológicos em Sahul (a antiga massa de terra que unia Austrália, Tasmânia e Nova Guiné), que indicam presença humana entre 43.000 e 54.000 anos atrás. Contudo, o modelo esbarra em uma peça-chave do quebra-cabeça: o sítio de Madjedbebe, no norte da Austrália.

Em 2017, Madjedbebe ganhou destaque internacional quando artefatos como ferramentas de pedra e ocres gravados foram datados em pelo menos 65.000 anos atrás — tornando-se a evidência mais antiga da presença humana no continente. No entanto, Allen e O'Connell questionam essa datação, citando o terreno arenoso e instável do sítio, que pode ter alterado a posição das camadas de sedimento e dado aos objetos uma idade maior do que a real.

Controvérsia

Nem todos concordam com a nova hipótese. Muitos arqueólogos e paleoantropólogos alertam que depender exclusivamente de evidências genéticas pode levar a conclusões simplistas.

Eles destacam a existência de arte rupestre em Sulawesi, na Indonésia, datada com confiança em 51.200 anos atrás, como indício de uma possível migração anterior. Essa arte simbólica, dizem eles, poderia ter sido produzida pelos mesmos grupos humanos que mais tarde cruzaram para Sahul — talvez há 65 mil anos, como apontam os dados de Madjedbebe.

Outro ponto polêmico do estudo é a reinterpretação da chamada "Revolução Paleolítica", ou seja, a súbita emergência de comportamentos humanos complexos — como navegação, simbolismo e fabricação sofisticada de ferramentas — por volta de 50.000 anos atrás.

Allen e O'Connell sugerem que esses avanços ocorreram em paralelo com a dispersão do Homo sapiens da África. No entanto, críticos argumentam que evidências crescentes mostram que esse desenvolvimento foi gradual e variado, e não uma explosão súbita.

Segundo o 'Archaeology News', apesar das discordâncias, uma coisa é certa: a narrativa da chegada humana à Austrália está longe de ser fechada. Enquanto a genética oferece uma linha do tempo precisa, a arqueologia fornece contextos e comportamentos — e, por enquanto, elas não estão contando exatamente a mesma história.

O caso revela o desafio de reconstruir o passado com precisão, quando as evidências se sobrepõem, contradizem ou se esgarçam com o tempo. À medida que novas tecnologias de análise genética e datação avançam, e com maior colaboração entre disciplinas, o enigma da colonização de Sahul pode finalmente se resolver — ou se tornar ainda mais complexo.

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
icon_WhatsApp
icon_facebook
icon_email
PUBLICIDADE
Confira também