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Os impressionantes detalhes da tumba da rainha Nefertari, esposa de Ramsés II
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Os impressionantes detalhes da tumba da rainha Nefertari, esposa de Ramsés II

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Aventuras Na História
23/07/2025 20h00
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©Getty Images
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A tumba da rainha Nefertari, localizada na necrópole de Ta Set Neferu — "o lugar das belezas", hoje conhecido como Vale das Rainhas — é uma das mais extraordinárias realizações da arte funerária do Egito Antigo. Escavada na encosta de uma montanha ao sul do Vale dos Reis, ela segue o padrão arquitetônico do Novo Reino, com corredores que descem suavemente até salas decoradas, culminando na câmara funerária onde repousava seu sarcófago.

Nefertari viveu no século 13 a.C., durante a 19ª dinastia, e foi a esposa principal de Ramsés II. Recebeu diversos títulos, como Grande Esposa Real, Esposa de Deus, Mãe do Faraó, Nobre Hereditária e Senhora do Alto e Baixo Egito. Mas foi uma designação em especial que expressou a intensidade do afeto do faraó: "Aquela para quem o sol brilha".

Como prova desse amor e devoção, Ramsés ordenou a construção de uma tumba que não apenas celebrasse a grandiosidade de sua esposa, mas que também a guiasse com segurança em sua jornada para a eternidade.

Embora tenha sido saqueada na Antiguidade, os vestígios encontrados revelam a riqueza de seu enxoval funerário: fragmentos de tecidos finos, sandálias, joias, estatuetas e caixas esculpidas evidenciam o luxo de seu repouso final. No entanto, conforme destaca o portal National Geographic, é nas paredes da tumba que podemos observar seu verdadeiro tesouro.

Pinturas nas paredes

Coberta por pinturas delicadas e ainda bem preservadas, mesmo após mais de três milênios, a tumba de Nefertari ocupa cerca de 480 metros quadrados. A fonte destaca que quando o egiptólogo italiano Ernesto Schiaparelli a descobriu, em 1904, ele reconheceu de imediato a importância artística das obras murais,

"A magnificência do estilo lembra a mais bela arte egípcia produzida no primeiro período da décima nona dinastia. Faz deste túmulo um dos monumentos mais notáveis da necrópole de Tebas, que, se não pelo seu tamanho, certamente pela harmonia das suas partes, e pelo requinte da arte, compete mesmo com os mais belos túmulos do Vale dos Reis", teria dio.

A tumba da rainha Nefertari / Crédito: Getty Images

Estudos indicam que duas equipes de artistas trabalharam na decoração: uma mais experiente atuou no lado esquerdo, enquanto a outra, menos refinada, pintou o lado direito. As paredes de pedra foram primeiro revestidas com gesso, onde os contornos das figuras eram desenhados com tinta vermelha e corrigidos com tinta preta. Depois, artesãos esculpiam os relevos antes da aplicação da cor pelos pintores.

Com o tempo, algumas camadas de estuque começaram a se soltar, mas os danos foram mínimos, e as imagens, hoje restauradas, ainda hoje oferecem um raro vislumbre da visão egípcia sobre morte e vida após a morte.

Um verdadeiro microcosmo

Na concepção egípcia, uma tumba real era um microcosmo. Os tetos simbolizavam o céu; o chão, a terra; e a câmara funerária, o domínio de Osíris, deus do submundo.

Era Osíris quem julgava as almas, determinando se eram dignas da imortalidade. Quando o veredicto era favorável, a alma iniciava sua jornada rumo ao renascimento junto ao deus-sol Re em uma travessia complexa descrita no Livro dos Mortos, exigindo conhecimento e oferendas aos deuses. Toda a estrutura da tumba de Nefertari foi pensada para auxiliá-la nessa travessia espiritual.

Na câmara de Osiris

A etapa final do funeral é simbolizada pela entrada de sua múmia na câmara de Osíris. A sala contém quatro pilares decorados com imagens do deus, tanto em forma humana quanto como o símbolo djed, que representa estabilidade. O sarcófago de granito rosa de Nefertari, cuja tampa foi preservada apesar de quebrada, repousa na parte mais baixa da câmara, zona que simboliza a terra primordial, origem de toda a criação.

Para completar sua passagem, Nefertari conta com a proteção de divindades como Anúbis, Ísis e outras deusas. As paredes da câmara mostram os portais e cavernas que ela deve atravessar, fornecendo os nomes dos guardiões para que a rainha possa responder corretamente e seguir adiante. Ao terminar essa travessia, a alma ascende por uma escada dupla — um lado para a descida, outro para a subida — e alcança as salas mais próximas da entrada, representando os últimos passos de sua regeneração espiritual.

Na parte inferior da escada aparece Néftis, irmã de Osíris, ajoelhada sobre o hieróglifo do ouro, símbolo da carne divina. Mais acima está Anúbis, guardando a entrada da tumba. A cartela com o nome de Nefertari é protegida por uma serpente alada e pela deusa Maat, ambas com asas abertas.

As deusas Néftis e Ísis, sentadas em tronos, recebem as oferendas da rainha. A escada leva a um vestíbulo por onde Nefertari passa em direção à sala oeste, atravessando um portal sob a proteção da deusa abutre Nekhbet, padroeira do Alto Egito e presente no cocar real da rainha.

Nefertari com Isis e, à direita, fazendo oferenda a Hathor / Crédito: Getty Images

Neste vestíbulo, a jornada noturna se transforma em jornada diurna. Nas paredes, ela aparece diante de Selket e Neith, antes de se aproximar, com Ísis, do deus Khepri — o sol nascente representado com cabeça de escaravelho. Ali também estão Hathor, deusa do oeste, e Re-Horakhty, o sol matutino com cabeça de falcão.

Renascimento

Na sala ao lado, a rainha aparece sozinha, sem a companhia de deuses. É o espaço onde ocorrem os momentos cruciais do renascimento espiritual. Dividida simbolicamente em duas metades — uma dominada por Osíris (noroeste) e outra pelo sol poente Atum (sudeste) — a sala mostra Nefertari fazendo oferendas a divindades como Ptah, Thoth e Atum.

Um painel central destaca um deus com cabeça de carneiro, pele verde e forma mumificada. Ele une as essências de Osíris (pela cor verde) e Re (pelo disco solar na cabeça). Um hieróglifo reforça essa união: "Osíris repousa em Re" e "É Re quem repousa em Osíris".

Ao fim dessa trajetória, Nefertari está pronta para renascer. Ela então emerge na antecâmara para "sair ao dia", conforme descrito no feitiço 17 do Livro dos Mortos: "Início dos louvores e invocações para sair da gloriosa necrópole e entrar nela, e no belo oeste, sair para a luz do dia."

As pinturas mostram a rainha renascida, jogando senet — jogo associado à travessia espiritual — e transfigurada em ba, parte alada da alma com cabeça humana.

Como ba, ela pode sair da tumba de dia e retornar à noite para descansar. Sua forma mumificada repousa em uma cama, ladeada por Ísis e Néftis, representadas como pipas. Nefertari também adora o pássaro Bennu, símbolo solar de morte e renascimento. Ao completar essa jornada, ela cruza o limiar da tumba para se unir a Re, seu pai divino, e alcançar a eternidade.

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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